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sábado, 2 de abril de 2011

Primeiro de abril...

No dia primeiro de abril, primeira sexta-feira do mês, como sempre, realizei o Sarau da Carioca. O evento estava marcado para começar meio-dia-e-meia... Deu meio-dia-e-meia e começamos a nos revezar na leitura das Sopinhas de Versos, que estava homenageando Augusto dos Anjos...
Não sei se foi por causa da leitura de versos ou não, mas a banca de livros dele (do carlão) começou a encher de gente. Teve até um senhor que se sentou e ficou ouvindo nós nos revezarmos. Quando convidamos ele para participar lendo as poesias também, ele não quis... Continuei lendo, sozinho as poesias das sopinhas - afinal, poeta não desiste nunca de se manifestar.
A banca ficou tão movimentada que o Carlão falou: "É melhor a gente parar, a anca tá movimentada e eu não tô podendo te dar atenção..."
Tudo bem, recolhi as sopinhas, que ainda tinham bastante e comecei a distribuir os livros, que eram algumas doações da Editora Moderna que estava apoiando o sarau, além do CNA, que apoia o projeto desde o começo...
A editora havia me dado alguns livros para sortear entre os particiantes do sarau. Como só tinham dois participantes (o carlão e o Francisco, ambos livreiros do Largo da Carioca)... Fui procurar o Francisco para dar um livro-cortezia para ele e de repente me chega uma pessoa e me pargunta: "Aonde é que é a poesia?", no que respondi: "É comigo mesmo!".
A pessoa me abraçou dizendo: "Eu sou a Rita". Disse que o sarau já tinha acaado (por falta de córum), mas que se ela quisesse poderíamos reinicia-lo... "Então vamos..."
Com ela estavam mais três poetas... Reiniciamos o sarau, que foi um sucesso! Comentei com a Rita que o carlão era compositor da Mocidade, e ela fez questão de ouvir uma música dele...
Durante o sarau, no revezamento dos poetas para lerem as Sopinhas de Versos, fiquei olhando para a Rita, meio que reconhecendo ela, mas com o pé atrás, sabe...
Em uma determinada hora do sarau perguntei: "Por acaso você já trabalhou no Adolpho Bloch?", e ela de imediato respondeu: "Já!"
Depois de alguns segundo pensando em como eu poderia falar para ela que havia estudado lá também, retruquei: "Eu sou o que fez o livro...", e ela começou a me abraçar dizendo que eu tinha sido aluno dela... Eu não fui aluno dela, mas deixei.
Na verdade falei isso porque na época em que eu estava no terceiro ano do segundo grau (2001). NO mês de maio um amigo meu me perguntou: "Você não tem um livro pra fazer?", respondi que sim; "Procura a professora Giselhe..."
Depois de alguns dias resolvi procurar por ela dizendo que eu tinha um livro para fazer. Ela falou que era para mim dar para ela as poesias. Fiz isso! Depois de alguns dias ela me apareceu com um protótipo do livro. Levei para casa, mostrei à minha família que me deu o livro (100 cópias) de aniversário... Isso me tornou uma referência no colégio!
Eu sempre fui cara de pau e sempre ia para frente da sala de aula, no intervalo dos professores, para falar minhas poesias. Isso desde a oitava série, que foi quando comecei a fazer o que chamo de po-esia-poesia, pois antes fazia músicas-poesia, de brincadeira com aguns amigos, como uma paródia da música Pai de Fábio Júnior:

Pai, você é filho da mãe,
Sobrinho da avó,
do filho de te criou.
Pai, você é meu pai,
nada mais que meu pai.
Coitado de você...
Pai, você é meu pai,
Você é filho da mãe,
coitado de você...            (isso foi em 1998)

No fim de 1997 também fiz outra musiquina com uns amigos meus:

Sinceramente,
Quanta gente não tem um parente.
Quanta gente está tão ausente,
Num dia de natal,
Sofrio então.
Sinceramente,
Quanta gente não tem um parente.
Quanta gente está tão ausente,
Num dia de natal,
Sofrido então...
Sinceramente, não aguento falar mais de tanta gente...

_Só saiu isso na época!

No ano seguinte fiz a minha primeira poesia-poesia, peguei gosto pelo negócio e não parei mais... A minha primeira poesia se chama Brilhando e que está no meu primeiro livro intitulado "Um Toque de Poesia"

Acariciar sua doce face,
Tocar em suas mãos geladas
E depois sou canção favorita,
Ao som de um violão,
Flor margarida.
Protegendo este canto,
raspando todo encanto,
E deste proibido é que nasce,
A nssa chama de vencer,
Tentando sobreviver,
a mais um canto de seu ser
à luz do luar.
Reverenciando a consciência,
Comandando o nosso renascer,
de entro de nosso ser.
Sinceramente,
Não sei se vai me obedecer,
porque estaremos juntos,
só eu eu você...                 

Essa foi a primeira poesia-poesia, ou seja, a primeira criação textual já nos moldes de poesia... Acabei virando o poeta do colégio. No Adolpho Bloch também, e no terceiro ano (2001), fiz um livro...

Teve até uma vez que, o pessoal que gostava de música e que faziam minifestivais de música estava fazendo o evento enquanto eu estava na cantina do colégio, que é distante...
Teve uma pessoa que leu uma poesia, aí o pessoal da minha sala começou a gritar o meu nome - fazendo arruaça. Teve uma menina que me chamou até o local e quando cheguei lá o pessoal estava gritando: "Dennys! Dennys! Dennys! Dennys! Dennys!"
Cheguei. Subi no palco improvisado e comecei a falar a poesia Brilhando, que era a única que eu tinha de có na época... E o pessoal não parava de gritar, mesmo depois de eu chegar e começar a falar minha poesia...
Imagina: eu recitando e um monte de gente gritando: "Dennys! Dennys! Dennys! Dennys!", quando eu parava de recitar o pessoal também parava, mas quando eu voltava a falar a poesia o pessoal começava novamente... Na verdade, a galera da minha turma estava querendo é atrapalhar o festival do pessoal que gostava de música...
Bem, depois de eu ter publicado o livro, que foi lançado na Biblioteca Popular da Penha Alvaro Moreyra, a professora Giselhe, que havia feito o meu livro, fez uma revista literária para o colégio chamada "Ave Palavra", na qual colocou uma poesia minha e de outros poetas do colégio também, afinal, a Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch (ETEAB), no final do século 20 e início do século 21, na verdade era um celeiro de poetas! Todo mundo fazia poesia ou gostava de ouvir poesia. As que não gostavam eu perguntava "Por que você não gosta de poesia?" e começava a falar as minhas que eu fazia em sala de aula e no fim a pessoa acabava adimitindo que gostava sim de poesia.
Nessa revista que a Gselhe fez, a "Ave Palavra" tem uma poesia chamada Parlenda Primeira:

- Cadê a palavra de tava aqui?
- O Poeta escreveu.
- Cadê o Poeta?
- Tá tirando versos.
- Cdê o verso?
- O povo leu.
- Cadê o povo?
- Está caminhando pelas ruas.
- Cadê as ruas?
- Estão indo pra praça.
- Pra que praça?
- Pro povo.
- Pra que povo?
- Pra germinar ideias.
- Pra que ideias?
- Pro povo viver
- Não comem ideias.
- Nrm vivem só de pão.
- Dei-lhes pão.
- Não querem dado.
- Por quê?
- Pensão que tem direito.
- Direito sobre o quê?
- Inclusive sobre pão.
- Deixem que se virem.
- Já estão sobrevivendo.
- Haaa... isto eu só acredito vendo.
- cadê o poeta que tava aqui?
- Tá trocando verso.
- A troco de quê?
- De esperança e tempo.
- Quem é que troca?
- Quem não tem tempo de ter esperança.
- Que tempo é esse?
- O de viver.
- E o poeta vive de quê?
- De palavras
- Eliminem as palavras.
- Não adianta.
- Por quê?
- Ele as cria.
- Criaremos um poeta?
- Não podemos.
- Por quê?
- Já nasce feito.
- Quando é que morre?
- Não morre. É imortal.
Ora, imortal é apenas uma palavra.
- Cadê a palavra que tava aqui?            (Rita Maria de Lacerda)

Reconheci o poema - que está na revista "Ave Palavra"  e disse a ela que já tinha ouvido esta poesia antes... Alguma coisa me parecia familiar nela... Resolvi perguntar se ela já tinha trabalhado no Adolpho Bloch. Ela disse que sim... Depois de alguns egndos de reflexão de como eu poderia me identifcar para ela, apenas disse: "Eu sou o que fez o livro." Pronto! Ela me reconheceu... Me acraçou dizendo que eu já tinha sido aluno dela...

_ Foi legal!

A vida está sempre dando voltas, principalmente entre os amantes da poesia, afinal, apensar de serem variados, são poucos ainda os saraus existentes no Rio de Janeiro, mas este número está crescendo... Na verdade os saraus são iniciativas comunitárias, ou seja, é a própria comunidade de uma localidade, seja um bairro, uma rua, uma cidadezinha pequena de interior, ou até mesmo uam Comunidade (no sentido de favela) que se reunem para fazer um sarau...
 Esses saraus estão sempre surgindo e morendo ao mesmo tempo, pois, é difícil conseguir um patrocínio, ou mesmo um apoio para esta iniciativa... Diversos saraus estão sempre começando e acabando por falta de incentivos, pela situação da poesia na Sociedade.
vieram me falar que a poesia est´pa morta no Rio de Janeiro. Quando comentei que tinham me falado isso com o Evando, o dono da Biblioteca Comunitária Tobias Barreto, na Vila da Penha, ele começou a dizer em voz alta: "Quem te disse isso é uma pessoa completamente desenformada! na Vila da Penha eu faço distribuição de versos na praça já há 20 anos!"
Coisa que eu nem sabia! Disse isso a ele. Disse que sabia que ele estava colocando versos nos meio-fios das calsadas da Vila da Penha, que é o projeto "Verso na Calsada", mas que não sabia que ele distribuia versos nas praças... Disse que se soubesse tinha falado com a pessoa que me falou isso. Até cheguei a falar que na Vila da Penha existia uma biblioteca comunitária, mas a pessoa foi enfática: "Isso é na Vila da Penha. Aqui na Penha não tem nada!"

_ Em fim, a poesia está voltando com tudo, basta agora os poetas de plantão retirarem os versos das gavetas, e ao mesmo tempo, guardarem a vergonha e a timidez nela e sair falando as suas criações pelas ruas.


Por falar em poetas avergnhados, no sarau do dia primeiro de abril, e não é mentira, teve uma poetiza - uma senhora - que escreve versos, mas que segundo a Regina Lacerda nunca os falava por conta da danada da verganha. Bem, no sarau ela falou! Recitou os seus versos...

A atitude dela deveria ser seguida por todos! E para encerrar este texto gostaria de usar as palavras da Tereza Drummond, sobrinha de carlos Drummond de Andrade - o poeta do século 21- dizendo:

_ Poeta saia da gaveta...

                                                                   Dennys Andrade  



  



  

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