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domingo, 28 de agosto de 2011

Paschal (pensamento)

Não tenho medo de mudar de ideia porque não tenho medo de pensar (Paschal op. cit. Chico Anysio)

[A função do poeta na Sociedade atual é orientar, ou ao menos tentar orientar os rumos do pensamento da Sociedade através dos escritos de sua poesia. O poeta no Século XXI está retomando, de serta forma, a importãncia que tinha na Antiguidade de Platão]

sábado, 27 de agosto de 2011

Contra as Drogas!

Sexo, atitude e Rockn'Roll
Tenha atitude:
Wou! Wou! Wou!                        (poesia, Fumaças Passadas)
Viva a música,
Viva a arte,
faça à tarde,
de noite, de dia.
Faça a sua parte!
Seja um crack,
jogue bola, faça gols...
Seja "up",
"not dow!"
Seja vivo, assim assim                   (Dennys Andrade)
tal e qual; tão quanto,
Limpo e normal.
Seja vivo
e não debimental.
Led Zepplin, Janis Joplin,
Dime Hendrix, Fred Mercuri,
Raul Seixas, enfim,
Todos viraram fumaça...

_ Não seja o próximo!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sarau do Penha Shopping

Shopping de cultura
por: Viviane Oliveira
10/03/2010


Otavio JR é promotor de leitura
Otavio JR é promotor de leitura
Exposição, contação de histórias, biblioteca itinerante, apresentações teatrais e musicais são algumas das atrações do circuito cultural que acontece no Penha Shopping, zona norte. Há dois meses, o segundo piso do centro comercial recebe a exposição “Moro na Favela”, que apresenta uma seleção das imagens que compõem o acervo do portal Viva Favela desde o seu lançamento em 2001. Segundo o produtor cultual do shopping Luiz Sá, a mostra já foi visitada por mais de 500 pessoas.

“A nossa intenção era que as imagens ficassem expostas até 15 de março, mas devido ao sucesso estamos pensando em ampliar essa data”.

Durante os dias 3, 4 e 5 de março, o espaço recebeu a biblioteca infantil itinerante “Ler é 10. Leia favela” que já percorreu diversas comunidades da Penha e Alemão e já atendeu cerca de sete mil crianças. O projeto existe há quatro anos e foi idealizado pelo promotor de leitura e morador do Complexo do Alemão Otávio JR.

“É a biblioteca que vai até às crianças e não o contrário. O nosso maior objetivo é democratizar o acesso ao livro e formar novo leitores”.

Para isso, Otávio leva leitura em quadrinho, poesia, criação de livretos e contação de histórias. Tudo de forma dinâmica e teatral. Todo material utilizado é portátil o que facilita a locomoção e permite que qualquer espaço se torne uma biblioteca.

São Beto: heróis que democratizam a leitura
São Beto: heróis que democratizam a leitura
Para o compositor e poeta nas horas vagas São Beto, 64 anos, esse tipo de iniciativa faz toda diferença. “No Brasil, o acesso às manifestações culturais são muito caras. Considero as pessoas que fazem esse trabalho de democratização da arte e da leitura verdadeiros heróis”.

São Beto foi convidado pelo amigo e poeta Dennys Andrade, 27 anos, morador do IAPI da Penha para participar do sarau. Dennys conta que, desde a adolescência, tem interesse pelas letras e que a organização dos encontros poéticos faz parte de sua rotina há algum tempo. No final de 2009, por exemplo, ele criou o movimento “A revolução dos versos”.

“Meu objetivo é unir representantes de sarais de toda a cidade. Quero fazer um trabalho de cooptação dessas cabeças pensantes para discutir os novos rumos da poesia contemporânea”.

O movimento pretende também organizar mais promoções de leitura para jovens, adultos e crianças. “Não é preciso formação acadêmica para fazer poesia. A única exigência é o dom”, declara Dennys.

Para incentivar o desejo pelas letras e versos os organizadores do Penha Shopping pretendem inaugurar um espaço de leitura dentro do centro comercial. O acervo já conta com alguns livros conseguidos por meio de doações.

“Caso as pessoas ou até mesmo editoras queiram repassar livros em bom estado de conservação será bem vindo”, diz Luiz Sá, produtor cultural e diretor de Marketing do shopping.

Ele diz que a ideia é tornar o espaço um circuito cultural para que moradores das comunidades do bairro tenham acesso sem ter que pagar caro por isso. No local, além da exposição “Moro na Favela”, será apresentada, gratuitamente, no próximo dia 13, às 14h, a peça “A viagem da Vila Cruzeiro à Canaã de Ipanema numa página de Orkut”.

“O espetáculo é organizado pela Companhia “Teatro da Laje”, que foi criada há sete anos pelo professor de artes cênicas Veríssimo Júnior. O elenco principal da peça é formado por 10 atores, todos moradores da comunidade.

Ganhadores do prêmio “Cultura Viva”, em 2006, oferecido pelo Ministério da Cultura, esse já é o terceiro espetáculo produzido pelo grupo que tem como diferencial a valorização e a universalidade da cultura local.

Para Veríssimo, a pesquisa de linguagem feita para as produções ajudam na identificação da comunidade. “Outro ponto importante é o estímulo à improvisação. As coisas vão surgindo de dentro pra fora e não o contrário, mas também procuramos estabelecer pontes para não cair no isolamento”, diz.

Verissimo é o diretor do Teatro da Laje
Verissimo é o diretor do Teatro da Laje
A companhia não tem patrocinadores e conta com o apoio da comunidade, Vila Cruzeiro, e principalmente dos pais dos alunos para se manter. “As apresentações são importantes para que cada vez mais pessoas conheçam o nosso trabalho. Em uma de nossas encenações, o subsecretário municipal de cultura Márcio Del Rey nos viu e decidiu ajudar. Eles propôs algumas parcerias e se comprometeu, inclusive, em alugar um espaço para ser a nossa sede”.

Mas as atividades culturais do bairro da Penha não param por ai. Jovens músicos da região também tem espaço para mostrar seu trabalho no local. Os integrantes da banda “Bewdan” que o digam. Em um de seus passeios pelo shopping foram abordados pelo produtor Luiz Sá que estava em busca de uma banda local para shows no local.

Esse convite se deu por conta de mais um projeto cultural: o “Identidade Jovem”. Idealizado por Luiz, tem como foco principal jovens de comunidades que tenham interesse em música, teatro ou moda.

“A nossa pretensão é agregar mais jovens. Não importa a veia artística, acreditando no seu talento pode nos procurar”, brinca.


Bewdam se apresenta pela quinta vez
Bewdam se apresenta pela quinta vez
O vocalista da banda e morador de Olaria Donovan Wilson, 16 anos, disse que ao entrar na banda só cantava. Foi somente depois desse primeiro contato que aprendeu o básico para tocar guitarra.

“Agora faço um curso para aperfeiçoar e estou adorando. Já estamos na nossa quinta apresentação no espaço e fomos convidados para fazer um circuito pelas lonas culturais”.

Outra atividade oferecida pelo projeto é o curso de modelo. As aulas recomeçam, a partir do dia 13, com uma novidade: além da turma jovem (crianças a partir de cinco anos de idade)serão abertas as inscrições para a terceira idade. Para mais informações é só ligar para (21) 3887-0226 ou ir diretamente ao Penha Shopping localizado na Av. Braz de Pina, 150, Penha, no horário das 9h às 21h.


 

Poesia ganha as ruas do Rio


{Transcrição  da matéria "Poesia ganha as ruas do Rio" publicada na Folha Dirigida 21 a 27 de julho de 2011}

Poesia ganha as ruas do Rio


 
Uma tentativa de divulgar a poesia. Esse é o grande objetivo de Dennys Andrade quando passa  a tarde no Largo da Carioca e nos bairros da Penha, Olaria e Ramos distribuindo pequenas fitas de papel  com algum versinho de poetas renomados para as pessoas que passam na rua.

A ideia surgiu quando recebeu um convite para participar de um sarau. Sem saber muito como homenagear João do Rio, autor escolhido para a ocasião, resolveu buscar versos soltos e cortar em tirinhas. Durante o sarau, a proposta de cada um receber um pensamento e ler em voz alta, fluiu tão bem, que ele resolveu expandir.

"Eu quero fazer com que o penamento de grandes autores circule. Ninguém espera ganhar versos de graça, na rua. É isso que proponho, uma revolução dos versos. Não aceito dinheiro, faço por amor mesmo" - disse o jornalista, que já tem um livro publicado, chamado "Um toque de poesia".

Grandes nomes como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Mário Quintana, Mário Prata, Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Augusto dos Anjos, e muitos outros, são sempre citados nos encontros.

Segundo Dennys, a reação das pessoas ao receberem o papel no primeiro momento é de espanto. Logo em seguida, quando veem do que se trata, aprovam a iniciativa.

A estudante Joyce da Costa, de 15 anos, por exemplo, não entendeu nada quando recebeu o papel. Mas quando abriu, teve uma surpresa. "Acho importante essa atitude, pois faz com que as pessoas aprendam mais sobre autores importantes", falou.

Já o professor de Língua Portuguesa, Hélio Maia, que passeava pelo lugar, foi um pouco mais além. "Isso é fundamental. Com tanta violência no Rio de Janeiro, espalhar poesia é uma iniciativa linda".

O sarau acontece no Largo da Carioca, em frente à estação do metrô, toda primeira sexta-feira do mês. Quem gosta do assunto e quiser dar uma passada para conferir é só procurar o Dennys na banca de livros do Carlão.
                                                  [Ana Carolina (INTERINA)]
                                            tempo.vago@folhadirigida.com.br   

sábado, 20 de agosto de 2011

Revolução dos Versos

Revolução dos Versos

http://www.youtube.com/watch?v=9UgBdvJEag4

Estrutura Social, Cultura e Instituições

Os quesitos estrutura social, cultura e instituições, a tríade social, fazem-se importantes para o que os indivíduos fazem, pois cada um deles desempenha um papel, e neste contexto os indivíduos são entendidos como: "localizados na estrutura, fazem as coisas em relação a essa localização e guiam suas ações e seus pensamentos segundo as coordenadas estabelecidas pelas instituições e pelas verdades, valores, objetivos e normas da cultura". (Joel M. Charon)

Dennys Andrade

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Revolução X Mudança Social

As Sopinhas de Versos são uma institução social brasileira, e as isntituições sociais são padrões sociais! De acordo com o pensamento de Durkheim, as instituições são fatos sociais.

- As Sopinhas de Versos são um fato!

Elas são "entidades reais que controlam o indivíduo a partir 'de fora' mas que também se tornam internalizadas por meio da socialização. Para o pensador as instituiçoes religiosas e educacionais especiais são formadoras de seres humanos capazes de se autocontrolar.  

Assim sendo, as Sopinhas de Versos, que são detentoras de um "potencial educacional", também são instrumentos que ensinam os indivíduos a se autocontrolarem.

Segundo Marx, "todas as instituições tinham a mesma função que a cultura tem: proteger os ricos e poderosos. As instituições são os instrumentos da classe dominante; o indivíduo é socializado e dirigido por elas".

Talvez seja por isso que o marxismo falhou no século XXI: "o fim da ex-União Soviética deveu-se em parte ao fato de as velhas instituições obsolutamente não funcionarem. As instituições econômicas e políticas não eram unidas em uma única sociedade - 'as Forças Armadas oneravam o povo em demasia'".

Segundo Joel M. Charon "a função das instituições é socializar as pessoas na organização". Neste contexo:

"Socialização é o processo pelo qual o indivíduo é ensinado a conhecer a sociedade e aprender a cultura e nos situar em nossas posições: o papel que ele (indivíduo) desempenha nela (Sociedade).

A "espontaneidade", segundo Charon, emerge da socialização, e é a socialização o quarto alicerce da ordem social abordado por ele; que a organização social cria nossos desejos, nos dá cultura e nos situa em nossas posições".

A Revolução dos Versos, então, emerge da "espontaneidade", que se emerge da socialização; da interação proporcionada pelo contato das Sopinhas de Versos: e é por isso que ela é o instrumento dessa "mudança social", dessa alteração de perspectiva  de conceito sobre a poesia.

A Sociedade é Globalizada, e permeada pela internet. Os textos sociais precisam ser suscintos, como as Sopinhas de Versos são: a informação precisa ser disposta em textos curtos - em trechos de poesia - e é assim que esta Revolução atinge e atingirá ainda mais a população, fazendo-se uma alternativa possível à alienação.

- A socialização ensina que a Sociedade somos nós!

Dennys Andrade   

  

O desenvolvimento da Semana de Arte Moderna

Antecedentes
Vários fatos contribuiram para a Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1912, Oswald de Andrade chega da Europa influenciado pelo Manifesto futurista de Marinetti, funda o irreverente jornal O Pirralho e, em suas páginas, critica a pintura nacional. O pintor russo Lasar Segall, em 1913, desembarca em São Paulo com um estilo não acadêmico, inovador e de cunho expressionista. Annita Malfatti, em 1914, após mostrar seus trabalhos ligados aos impressionistas alemães, decide estudar nos Estados Unidos. Em 1917 - ano de grande agitação político-social, greves e tumultos marcando as lutas do operariado paulista -, inaugura-se a nova exposição de Anita Malfatti, impiedosamente criticada por Monteiro Lobato no artigo Paranóia ou mistificação. Menotti del Picchia publica Juca mulato, um canto de despedida à era agrária diante da urbanização nascente. Em 1920, Oswald de Andrade diz que, no ano do centenário da independência, os intelectuais deveriam fazer ver que "a independência não é somente política, é acima de tudo independência mental e moral".
A estes episódios, somavam-se as idéias vindas do exterior. Do início do século XX ao momento em que foi deflagrada a semana, 21 movimentos culturais haviam ocorrido no Ocidente:
— Fauvismo, 1905.
— Expressionismo, 1906.
— Cubismo, 1907.
— Futurismo, 1909.
— Raionismo, 1911.
— Orfismo, 1912.
— Cubo-futurismo, 1912.
— Suprematismo, 1912.
— Não-objetivismo, 1913.
— Vorticismo, 1913.
— Imaginismo, 1914.
— Dadaísmo, 1916.
— Neoplasticismo, 1917.
— Ultraísmo, 1918.
— Bauhaus, 1919.
— Espírito-Novo, 1920.
— Pintura metafísica, 1920
— Musicalismo, 1920.
— a Neue Schlichkeit, 1922.
— Manifesto dos pintores mexicanos (Siqueiros, Orozco, Rivera. 1922).
— Nova objetividade, 1922.
A semana coincide com a Nova objetividade e com o manifesto dos mexicanos, mas seu ideário estava mais ligado a 1909. Embora rejeitassem a denominação de "futuristas", esta doutrina se ajusta à paisagem paulistana do momento e lhes dá instrumentos de trabalho para as idéias renovadoras que visavam implantar.
O contexto político-social em que ocorre a semana é, também, de agitação e mudanças. As sucessivas crises da economia cafeeira, sustentáculo da vida republicana, haviam abalado o prestígio social da aristocracia rural paulista. Ao mesmo tempo, expande-se a industrialização com conseqüente urbanização e maior mobilidade social. A pequena burguesia, que subira à cena política no início da república (1889), começa a dar sinais de inquietação. A grande burguesia se divide, com um segmento investindo na indústria nascente e hostilizando o segmento agrário que ainda controla o poder público.
Composição do grupo modernista
É neste contexto conturbado que se compõe o grupo modernista. Entre outros, dele fazem parte os prosadores e poetas Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Agenor Barbosa, Plínio Salgado, Cândido Motta Filho e Sérgio Milliet. Os pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro e John Graz. Os escultores Victor Brecheret e W. Haeberg. Os arquitetos Antonio Moya e George Przirembel. Em preparação à semana, um grupo vem ao Rio de janeiro para buscar a adesão de artistas que consideravam simpatizantes às idéias modernizadoras: Manuel Bandeira, Renato Almeida, Villa-Lobos, Ronald de Carvalho, Álvaro Moreyra e Sérgio Buarque de Hollanda.
Programa do modernismo
1921 marca o início da busca de abrir terreno às idéias novas:
— Rejeição das concepções estéticas e práticas artísticas românicas, parnasianas e realistas.
— Independência mental brasileira e recusa às tendências européias em moda nos meios cultos conservadores.
— Elaboração de novas formas de expressão, capazes de apreender e representar os problemas contemporâneos.
— Transposição, para a arte, de uma realidade viva: conflitos, choques, variedade e tumulto, expressões de um tempo e uma sociedade.
Estas idéias se desdobram com o crescer do movimento, gerando os mais diversos caminhos: a poesia pau-brasil, o verde-amarelismo, a antropofagia (ver Antropofagia cultural), o regionalismo, a reação espiritualista e a consciência social.
Mário de Andrade, em estudo que levanta alarido e protestos, analisa Os mestres do passado, criticando os ídolos do tempo: Francisca Júlia, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Vicente de carvalho. Oswald de Andrade, no artigo O meu poeta futurista, provoca reações transcrevendo versos de Mário, dentro da estética inovadora (ver Poesia moderna brasileira).
Os festivais da semana, reunindo o grupo rebelde, ecoam a divisão dos grupos artísticos ligados ao passado e introduzem as coordenadas culturais da nova era, o mundo da técnica e do progresso que o modernismo glorifica para, depois, criticar por suas conseqüências na esfera política e social.
Contradição fatal
"A aristocracia tradicional nos deu mão forte", confessa Mário de Andrade. "Dois palhaços da burguesia, um paranaense, outro internacional - Emílio de Menezes e Blaise Cendrars - me fizeram perder tempo", diz Oswald. "Fui com eles um palhaço de classe", apontam ambos, com lucidez intelectual, para a contradição que só do tempo faria evidente: esteticamente revolucionário, o movimento traria ou aprofundaria conquistas - o verso livre, por exemplo - que se tornariam definitivas. Uma nova visão e conceituação do fenômeno poético, da concepção da forma, da função das imagens e de todos os recursos técnicos de expressão artística. Assim obteriam, como afirma Mário de Andrade no mesmo balanço autocrítico, "direito à pesquisa estética livre de cânones limitadores; a atualização da inteligência artística brasileira e a estabilização de uma consciência criadora nacional.
Por volta de 1930, o movimento triunfante completa a ruptura com as tradições conservadoras e acadêmicas, abrindo o caminho a novas perspectivas e rumos, trilhadas pelas gerações seguintes. Na ferina expressão de Franklin de Oliveira, a Semana de Arte Moderna foi "uma revolução que não saiu dos salões". Sublinhando a autocrítica dos principais líderes do modernismo, Franklin afirma que os modernistas "não pegaram "a máscara do tempo, para esbofeteá-la, como ela merecia ". Esta posição levou o grupo a acreditar que nada havia feito de útil. As palavras de Mário de Andrade definem este sentimento: "Eu creio que os modernistas da Semana de Arte Moderna não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição."

Composição do grupo modernista
É neste contexto conturbado que se compõe o grupo modernista. Entre outros, dele fazem parte os prosadores e poetas Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Agenor Barbosa, Plínio Salgado, Cândido Motta Filho e Sérgio Milliet. Os pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro e John Graz. Os escultores Victor Brecheret e W. Haeberg. Os arquitetos Antonio Moya e George Przirembel. Em preparação à semana, um grupo vem ao Rio de janeiro para buscar a adesão de artistas que consideravam simpatizantes às idéias modernizadoras: Manuel Bandeira, Renato Almeida, Villa-Lobos, Ronald de Carvalho, Álvaro Moreyra e Sérgio Buarque de Hollanda.
Contradição fatal
"A aristocracia tradicional nos deu mão forte", confessa Mário de Andrade. "Dois palhaços da burguesia, um paranaense, outro internacional - Emílio de Menezes e Blaise Cendrars - me fizeram perder tempo", diz Oswald. "Fui com eles um palhaço de classe", apontam ambos, com lucidez intelectual, para a contradição que só do tempo faria evidente: esteticamente revolucionário, o movimento traria ou aprofundaria conquistas - o verso livre, por exemplo - que se tornariam definitivas. Uma nova visão e conceituação do fenômeno poético, da concepção da forma, da função das imagens e de todos os recursos técnicos de expressão artística. Assim obteriam, como afirma Mário de Andrade no mesmo balanço autocrítico, "direito à pesquisa estética livre de cânones limitadores; a atualização da inteligência artística brasileira e a estabilização de uma consciência criadora nacional.
Por volta de 1930, o movimento triunfante completa a ruptura com as tradições conservadoras e acadêmicas, abrindo o caminho a novas perspectivas e rumos, trilhadas pelas gerações seguintes. Na ferina expressão de Franklin de Oliveira, a Semana de Arte Moderna foi "uma revolução que não saiu dos salões". Sublinhando a autocrítica dos principais líderes do modernismo, Franklin afirma que os modernistas "não pegaram "a máscara do tempo, para esbofeteá-la, como ela merecia ". Esta posição levou o grupo a acreditar que nada havia feito de útil. As palavras de Mário de Andrade definem este sentimento: "Eu creio que os modernistas da Semana de Arte Moderna não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição."

Batalhão da Leitura!!!

Olha o que saiu no Por Dentro do Globo do dia 19 de agosto de 2011...

(transcrição)

Inspirado nos agentes de saúde da família, o Ministério da Cultura pretende lançar um batalhã de mais de 3 mil "agentes de leitura" pelo país.

[Quando o projeto é bom se espalha logo!!!!!]

O programa, também intitulado Agentes de Leitura, começou a ser implementado em São Paulo, e o trabalho dos jovens agentes é percorrer os bairros pobres da periferia, com muitos livros a tiracolo, apresentando o prazer da leitura para crianças e adultos dentro de suas próprias casas.

Durante três dias, os repórteres Gilberto Scofield Jr e Márcia Abos e os fotógrafos Michel Filho e Eliária Andrade acompanharam de perto o trabalho destes jovens, observando as atividades de formação, suas visitas às casa de famílias e a atuação em curso de lfabetização de adultos. A reprotagemganhou a capa do Prosa&Verso deste sábado (dia 20/11).

- Nunca tinha visto algo assim. Numa das atividades de formação, o escritor Ilan Brenman mostrou aos jovens agentes como você pode despertar o interesse de uma pessoa pelo livro. A coisa mais legal que ele disse é que a classe social de seus ouvintes não determina a escolha dos livros. Não há discriminação, ou seja, não se conta uma história mais "fácil" porque o ouvinte é da periferia - diz Márcia, confessando que jamais esquecerá a alegria dos agentes que ganharam livros num sorteio.

- Era como se tivessem ganhado na loteria. 

A reportagem conta as histórias de superação dos agentes - que normalmente trabalham em suas próprias comunidades e enfrentam problemas comuns a elas (um dos locais, a equipe do GLOBO foi abordada por um "olheiro" do tráfico de drogas que queria saber o que estavam fazendo lá) - e das pessoas que tiveram a vida modificada pelo simples fato de ler um livro. Um prazer que ainda está distante de ser uma realidade acessível para todos os brasileiros.

- A proposta é interessante e inpiradora. mas para que dê certo é preciso que ela tenha continuidade e que estes novos leitores tenham acesso a livros - observa Scofield

[Legal! É a proposta da Sopinha de Versos se espalhando cada vez mais pelo Brasil á fora... A diferença é que são livros, mas a proposta é a mesma.]

- Levar Cultura a quem precisa de Cultura!

{A arte não é de quem faz, mas sim de quem precisa dela _ Silviane Neno}

Dennys Andrade
      

Institucionalização e Desinstitucionalização

A Revolução dos Versos segue o conceito de Institucionalização de Joel M. Charon (Sociologia 2001):

Muitas vezes é difícil concluir que um padrão de comportamento é de fato uma instituição, em virtude da natureza mutável da sociedade. As instituições estabelecidas há muito tempo na sociedade já não aparecem, para a maioria de nós, o único modo aceitável de fazer as coisas; alternativas saltam à vista, e a mídia divulga. Em algumas áreas, como a família, estamos vivenciando a "desinstituição" a tal ponto que existem escolhas a serem feitas pelo indivíduo a cada passo, em vez de um caminho estabelecido para todos seguirem.

Os termos institucionalização e desinstitucionalização são úteis para indicar os padrões em desenvolvimento na sociedade. Quando um padrão se torna amplamente aceito, é visto como moralmente correto e considerado importante para a sociedade e os indivíduos, dizemos que ele está se tornando institucionalizado ou que está se tornando uma instituição. Quando ele deixa de ser importante ou dominante ou ainda a única alternativa, outro padrão o substitui ou essa área da vida se trona desinstitucionalizada. A desinstitucionalização pode ser benéfica. Aumenta as opções e alternativas de cada pessoa na tomada de decisões a respeito do que ela faz. 


Infelismente, também pode causar problemas, com maior tensão em razão da menor certeza quanto ao que fazer, e pode significar menos concordância e cooperação entre as pessoas da sociedade. A deisnstitucionaliszação, como tudo o mais na organização social, é uma questão complexa, com benefícios e custos.

RESUMO: As pessoas interagem. Como o tempo, desenvolvem padrões sociais. Inavitavelmente, surgem a estrutura social e a cultura. também com o tempo surgem instituições. A estrutura social nos posiciona e nos confere papel, identidade, perspectiva, poder, privilégios e prestígio. A cultura nos diz em que acreditar; ela nos dá nossas verdades, valores, objetivos e normas. s instituições sociais nos dizem como as coisas são feitas na sociedade: são as trilhas amplamente aceitas, legítimas, históricas e importantes que a sociedade desenvolveu para lidar com seus problemas.

Visto isto, pode-se afirmar que as Sopinhas de Versos já se tornaram um padrão - uma Instituição Social -, que quando não chega às pessoas que já usufruiram do artifício poético, reclamam. 

Reclamam e requisitam - exigem - as Sopinhas de Versos, pois setem falta da interação poética proporcionada pelas Sopinhas - esta é a Revolução dos Versos!!!

Segundo Joel M. Charon, "a cultura brasileira foi criada por homens, os brancos e ricos, em grande medida. Em vez de funcionarem equitativamente para toda a sociedade, as instituições e a cultura devem ser vistas como funcionando para alguns à custa de outros. na perspectiva do conflito, cultura e instituições estão imersas na estrutura social.            

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Revolução dos Versos

sinuosidade aguda...

"A arte não é de quem faz, e sim de quem precisa dela" - Siviane Neno.

Quem é artista é artista, não adianta negar a natureza!


Exercer-se em linha reta é fazer "mais do mesmo", como diria Renato Russo. Oscar Niemeyer diria então, neste contexto, que 'precisamos da sinuasidade da curva'...

(Por Debtro do Globo - 18/08/11)

Durante uma festa, no início da década de 1990, um colégio no Leblon (Zona Sul do Rio) convidou os pais dos alunos para uma brincadeira com os filhos. Os dois deviam fazer juntos uma pequena escultura de argila. Fernando, o estudante, e Francisco, seu pai, esculpiram o então presidente Fernando Collor, fazendo com a mão direita o "V" da vitória, gesto acracterístico de seu curto mandarinato - e com a esquerda, aquele, do dedo médio em riste. A estátua, na verdade, revela o DNA do humor comum à família Caruso, do hoje humorista Fernando, e do cartunista Chico caruso, reserva de brilhantismo diário na primeira página do GLOBO.

tanto talento, na verdade, é do espanhol chamado paco, avô de Chico e de paulo, seu irmõ g~emeo e colega de cartum, que sempre apostou no potencial artístico dos dois mas, na adolescência, a busca por um emprego "de verdade" levou Chico à faculdade de arquitetura, onde o desenho ganharia seriedade, "ajudaria a resolver problemas". Deu errado.

- Não conseguia imaginar as pessoas morando dentro de algo traçado por mim - relembra o cartunista. - E tinha que desenhar em linha reta. Era uma prisão.

A liberdade dos traços sinuosos foi o presente para os leitores, brindados diariamente com imagens inesquecíveis, na capa do jornal. Chico, que vive do desenho desde os 17 anos, concebe suas joias numa salinha num canto da Redação. Por muito tempo, usou uma mesa na editoria de arte, ao alcance dos olhos de quem passava, em direção á lanchonete. Era um show de talento, acompanhado pelos jornalistas do GLOBO e visitantes. mas o artista da primeira página não faz de seu talento um pretexto para agrados cotidianos, Nunca deu um desenho de presente, por exemplo.

- Desenhar dá muito trabalho, leva tempo. Prefiro comprar algo pronto - revela Chico, com o despojamento de quem trata os pendores como algo corriqueiro.


Pois é, com a arte poética tanbém é assim, pois a poesia sempre é alguma coisa corriqueira!!!

Dennys Andrade   


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sarau

O próximo Sarau da Carioca no Centro da cidade será no dia 2 de setembro, às 12:30 no Largo da Carioca

Será homenageado o poeta Camões!!!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A Sociologia da Sociedade

Marx e Dukheim discutem a Sciedade de forma diferente, apesar a sociedade ser a mesma, ou seja, uma sociedade capitalista!!!

Marx defende que a ordem social é criada a partir de cima para baixo, afirmando que posição gera poder e que este poder é que cria os instrumentos utilizados para criar a ordem social, que tem o intuito de preservar privilégios a uma minoria, e diz também que este poder gera o controle sobre a cultura: ideia, valores e regras de um povo...

Segundo o autor Joel M. Charon no livro "Sociologia" os pensadores citados "são muito diferentes, ambos reconhecendo a importância da estrutura social e da cultura para a ordem social. Para Durkheinm, a estrutura social a estrutura social divide as pessoas em posições interdependentes ; para marx, a estrutura social apoia uma minoria para que, de suas posições superiores, controle e oprima a maioria."

Bem, a Revolução dos Versos se apoia no pensamento de Joel M. Charon, que diz ainda que "Durkheim  ressalta que a cultura nos torna semelhantes fornecendo ideias, valores e normas que somos somos levados a aceitar e pelos quais controlamos nossas ações. Marx vê a cultura como um modo importante pelo qual aqueles que controlam a sociedade, em especial os que trabalham para defeder a estrutura social como ela é, conseguem moldar as concepções mais importantes das pessoas".

A Revolução dos Versos altera este padrão descrito por Marx!

Segundo Marx a revolução proletária se dará quando este detiver os meios de produção... Atualmente, na perpectiva econômica brasleira, em que grande parcela da população saiu da classe baixa e entrou na classe media, em que todos tem e detêm computador com acesso a internet.

Seia esta a revolução proletária de que marx falou? Talvez seja por isso que a visão marxista dos anos 80 e 90 do século XX falhou...

Segundo Charon "a cultura tambémgera ordem, facilitando às pessoas comunicar-s, entender-se e cooperar umas com as outras" - e é isso que é a Revolução defendida por este blogs, pois, segundo Durkheim instituições sociais são padrões sociais - fatos sociais -, ou seja, são entidades reia su que controlam as pessoas a aprtir "de fora" e que se tronam inetrligadas por meio da socialização.

Durkheim considera as instituições religiosas e educacionais especiais - onde até se poderiam inserir as ONG's - como formadoras de indivíduos capazes de se autocontrolar. Já marx pensava que todas as instituições tinham a mesma função que a Cultura tem, que é a de proteger os ricos e poderosos menos prezando a maior parte da população. Segundo o pensamendo marxista: "As instituições são o instrumento da classe dominante; o indivúduo é socializado e dirigido por ela".

As Sopinhas de Versos procuram disceminar, cada vez mais, os pensamentos dos autores, fazenbdo assim com que estes pensamenos - pois uma sopinha é sempre diferente da outra - ao circular pela cidade do Rio de janeiro (prioritariamente) modifique também as pessoas que as leem. Modifiquem as pessoas que as aceitam na rua: gerando assim uma reflexão geral porque n9nguem espera ganhar poesia na rua, ainda mais de graça!

Como as Sopinhas de Versos são distribuidas gratuitamente, e que provocam reações nas pessoas - de gentileza, cordialidade e agradecimento - elas se faem em uma revolução, e é por isso que as Sopinhas de Versos são o instrumento da Revolução dos Versos , é por isso que ela provoca uma mudança de postura nas pessoas que as leem e é essa mudança de postura que provoca, ou ocasiona a revolução, que é uma mudança de atitude em relação à liguagem poética, que é o único estilo literário que não é prestigado pelas garndes Editoras do país.

Nunca me baseei no pensamento marxsta para começar a distribuição das Sopinhas de Versos pelo Rio de Janeiro, mas a iniciativa acaba se enquadrando no marxismo, apesar se se basear mais no pensamento durkheiniano.

Essa não é uma revolução como a Revolução Egípcia, mas é uma revolução tão duradoura quanto...

Esta é uma revolução de pensaento!
  

  


   

sábado, 13 de agosto de 2011

Manifestações...

No dia 12 de agosto (sexta-feira) fiz novamente o Sarau da Carioca na banca de livros do Francisco Olivá!!!

Bem, ficamos lendo as Sopinhas de Versos um para o outro enquanto as pessoas passavam. Algumas olhavam, se interessavam, mas não se arriscavam a retirar uma sopinha...

Como sempre eu distribui as sopinhas para as pessoas que estavam olhando, ai então, algumas pessoa liam, ou se recusavam a receber as sopinhas. Teve uma que perguntou para uma outra que também tinha ganhado uma sopinha:

_ E agora? Eu leio para você e você lê para mim... (que é o que eu e o Francisco Olivá estavámos fazendo na verdade)

Teve uma mulher que eu dei a sopinha para ela, e ela já estava assistindo-nos, a mim e ao Francisco, declamar um para o outro, então, por livre e espontânea vontade ela começou a ler o versos que ela retirou  - do Shakespeare - em voz alta... Foram homenageados Shakespeare, Ferreira Gular, Olavo Bilac e carlos Drummond de Andrade!

_ Apensar da resist~encia de algumas pessoas, o objetivo foi alcançado!!!!!!!!!!!!

Durante a pequena distribuição de Sopinhas de Versos que fiz na Carioca, sempre fazia a sugestão: "Se você se sentir à vontade, pode ler em voz alta".

A maioria das pessoas se recusou a ler em voz alta e me ofereciam as sopinhas de volta, e então, eu dizia: "Agora ela é sua":

_ É minha?

Respondia que sim e, então a pessoa guardava no bolso. Teve apenas um senhor que se recusou a ganhar a sopinha, mesmo eu dizendo que "agora a sopinha era dele" e que "era de graça". Ele me devolveu e eu dei para uma outra pessoa que estava passando no Largo da Carioca no momento...

Teve até um músico, com o nome de Carlos, que resolveu participar do sarau lendo uma sopinha em voz alta e depois me perguntou se eu fazia "isso" sempre.

Respondi que não: disse que o sarau era feito só na primeira sexta-feira do mês. Disse ainda que "hoje (dia 12 de agosto) é a segunda sexta-feira do mês, mas hoje era um extra, em homenagem ao Criança Esperança..."

Relatei a ele que eu "já havia feito um sarau na sexta-feira aterior, que foi a primeira sexta-feira do mês, e que hoje era um extra, e que assim eu estava conseguindo fazer três fins de semanas de manifestações culturais no Rio de Janeiro, porque na sexta-feira passada eu já tinha feito um; hoje eu estava fazendo outro sarau com as Sopinhas de Versos e que no dia 20, sábado que vem seria o dia do Criança Esperança."

Ele me parabenizou pela iniciativa. Um outro cara da banda dele chegou, e eu ofereci a sopina para ele, mas este se recusou a pegá-la. Ele ainda disse: "Pega uma, lê ai...", mas o outro integrante da banda não quis participar do sarau.

Depois fui para a banca do Carlão e encerramos o sarau lá. A banca de livros do Olivá fica em frente à entrada do Metrô (pela Rio Branco) e a do Carlão é a que fica na extremidade oposta ( a mais próxima da Rio Branco).

Ainda teve uns garotos, que estavam na bnca do Carlão, que participaram do sarau lendo algumas sopinhas, que disseram que iam divulgar a iniciativa na escola...

_ Legal!!!

Dennys Andrade

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Entrevista Igor fagundes (Parte 3)

Poesia Viva: As vozes de ator, de jornalista, de poeta seguem linguagens diferentes?

Igor Fagundes: Confesso-me atualmente surdo à voz do jornalista, na verdade emudecida em 2008, quando me "aposentei" precocemente como repórter. Ainda que publique resenhas em jornais, meus artigos não obedecem a nenhuma "regra" do jornalismo. Defendo uma escrita em que - seja reportando, seja resenhando - a palavra não seja instrumental. SE, ao comentar um livro, este não me permitir o desenvolvimento de uma crítica realmente literária (feita pelo literário), não emitirei juíso. Tenho que ser pego pela poesia na hora de ensaiar uma resenha; do contrário, serei só retórico. E mentiroso. O poema pode ser ajuizável, mas a poesia acontece ou não acontece. Se não aconteceu, como comentar o que sequer foi vivido? Acabarei comentando apenas de que forma determinado livro se adéqua ou não às formas e às fôrmas de alguma verdade retórica. Assim, abstenho-me de qualquer crítica que só se ocupe de - sadicamente - derrubar um pobre coitado que jamais esteve, algum dia, de pé.

Quanto ao tor, este se encontra sempre por perto, por dentro. DE fato, escrever é uma experiência corporal. Sentado no computador, meu corpo se contrai, sem dor,  goza: é real. Dizer o poema  oralmente é também atravessar a poesia em toda a sua inteireza. Mesmo cotidianamente, quando penso e falo, transpiro, expiro, inspiro, suspiro, sorrio, suspenso as sombrancelhas, arregalo os olhos, arrepio-me com coisas que me descobrem na hora em que penso descobri-las. Ao lecionar, esse pensamento-corpo-emoção faz acontecer o professor-poeta como aluno-ator.

Poesia Viva: Que tempo pesa mais sobre sua obra: ontem foi Sete Mil Tijolos e um Parede Inacabada, hoje Zero ponto Zero. E amanhã?

Igor Fagundes: Embora publicado em 2010, Zero ponto Zero foi escrito em 2007 e, cronlógicamente, tamb[em pertencia ao "ontem" caso não perfizesse, junto com Sete Mil Tijolos e Uma parede Inacabada, de 2004, o meu presente. Eu sou todos esses anos e mais aqueles que, não vividos ainda, já se cumprem como possibilidade. O que pouca sabe é que escrevo mais ensaio e filosofia, sendo bastante bissexto na escrita de poemas. Mas quando começo a riscar algum, vem uma porção, um atrás do outro,como costura de um livro que nasce de uma ideia regente, de u lead para cada texto-tecido. Processo semelhante está para ocorrer agora, quando começo um poemário novo, dentro da mesma motivação: um tema se desdobra em város fios e cada linha, afiada e desafiante, corresponderá ao mesmo apelodos vãos, das aberturas da rede. Enquanto essa trama não se arremata, editam-se duas outras com a data da publicaçãoprevista para o segundo semestre de 2011. Dois livros ensaísticos, de cunho filosófico e que articulam as questões da arte, da religião, do mito e da ciência como experiência do sagrado. Detenho-me numa revisão das interpretações das narrativas bíblicas, dos mitos gregos e principalmente dos iorubannos, buscando, na leitura, uma libertação dos paradigmas tendenciosos da metafísica ocidental, nos quia - mesmo sem saber (e é isso pretendo mostrar) - a própria antropologia e sociologia ainda se baseiam. Trata-se de um encaminhamento acerca da identidade e diferença pouco visitado pelo culturalismo.         

               

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Blogsfera

A Blogsfera é uma coisa fantástica!

É através dos blogs que se pauta a grande mídia e é através de que se começa algo novo.

Mas o novo não precisa ser inteiramente novo. basta ser repaginado, remoldado, redefinido, realinhado, enfim. Ter uma cara nova para ser diferente e enfim, novo.

Nesta sociedade midiática em que vivemos, construída de instantâneos da realidade, em que tudo se baseia em versões do real, basta se moldar uma nova versão do que já existe e pronto - o novo está criado.

A Moda vive disso!!!!

A poesia se apropria dessa característica moderna da sociedade e se reinventa, mantendo o seu viés de eternidade...

O Piloto de Hitler



Entrevista Igor Fagundes (Parte 2)

Poesia Viva: Impregnar-se de experiência ou, ainda, ser continuamente alimentado pelos próprios poetas. Para que lado você mais se inclina?

Igor Fagundes: Alimentar-se dos poetas é imoreganar-se de experiência. Senão, terão sido só livros, dentro dos quais não nos teremos feito livres para ser o lemos. Não teremos sentido seu gosto, nem aproveitado seus nutrientes, nem sentido as núseas da má digestão, nem jogado fora os excessos. Por sinal, sabor e saber participam da mesma raiz etmológica. Mas conhecimento e sabedoria não dizem a mesma coisa. Saber é ser o que conhece! Quando não culminam em experiência, em saber, as obras dos poetas são no máximo, conhecimnto. Permanece objetos na estanteou na extensa lista de das referências bibliográficas, sem que, contudo, se tenham misturado conosco, culminando no que nos mesmo somos após a metabolização. Assim também acontece na vida fora dos livros: se algo ou alguém for capaz de mexer conosco, de formar-nos, de fazer-nos nascer, de criar-nos, terá sido um poeta na gente, um poeta da gente. Daí que me alimento dos poetas da feira, dos poetas que há dentro do fruto, da verdura, do legume; dos poetas do supermercado, dos poetas-jornaleiros e daqueles não-vistos ou invisíveis dentro das revistas. participam de mim os poetas da praia, os poetas da serra, os poetas do hspital, quartel igreja. Parcicipam de mim até os falsos poetas: os que ensinam a escrita que eu não devo cometer. Tudo são livros à espera de leitura, escuta e fala. O átomo, em si, é a grande obra poética que a ciência não acabou nem acabará de ler. A poesia - um dos nomes para a Vida da vida - só acontece mesmo na experiência: seja do que for, com o que for, com quem for, quando, onde e como for.

Poesia Viva: NO trabalho poético você se refere `poesia como construção. Seria um modo de perceber o processo criativo?

Igor Fagundes: A técnica [poética] não é tudo, mas, sem ela, não há nada. Só não devemos permitir que se reduza a um meio para chegar a um lugar já sabido desde o ponto de partida. A palavra grega para arte, techné,  antes das propriedades retóricas  e das sistematizações filosóficas, queria dizer um caminho de desabrochamento, de desvelo. Não um caminho sempre igual, mas o mesmo se desdobrando em varios, diferentes, irrepetíveis. Originalmente, a techné compreende a travessia do, no, pelo, entre e com o poético da physis, ou seja, da vida originária de tudo. Só depois, com a sobreposição do pensamento epistemológico sobre o ontológico, a tornar a poesia e o mito objeto de um sujeito, chegamos à acepção operativa e instrumental - a techné como travessia da, na, pela, entre e com a razão. Quando falo em "pensamento ontológico", refiro-se ao que a caminhada poética tem de cosumação do ser humano. Techné é, sempre e primeiramente, a peregrinação e/ou procura deste humano no ser. É por conta disso que o programa de mestrado e doutorado em Poética, na UFRJ, do qual provenho, tem por interesse não a poesia como forma ou g~enero literário e, sim, como a dinãmica originária de humanização do homem, desdobrável em diversas possibilidades de manifestação e pensamento.

Referir-se  à poesia como construção significa, assim, não restringi-la ao texto, a menos que, na palavra "texto", se leia tecido, trama, pele, corpo -

a nossa casa, o nosso habitat imediato imediato, a partir do qual vida-poesia se constrói e se desconstrói  a todo momento. A palavra ética vem daí. Ethos, em grego quer dizer "morada". Desse modo, não é por moralidade ou imoralidade literárias - e, sim, por um ética da poesia de cada poema, por uma ecologia de cada um ("eco" vem de oika: casa), por uma aprendizagem de uma habitação e construção - que opto ora pela forma fixa, ora pelo verso livre, ora pelo livre verso. Há uma terceira margem entre tradição e traição, entre inspiração e transpiração, entre vigor e rigor, que me interessa mais. É na encruzilhada que os caminhos se abrem. É na encruzilhada  que nos abrimos aos caminhos.                           

Entrevista com Igor Fagundes (Parte 1)

A editora Uapê tem uma iniciativa poética muito legal. Ela é a responsável pela edição do periódico Poesia Viva que é um dos únicos, senão o único, periódico impresso voltado para a poesia...

Já fiquei sabendo que o jornalzinho não tem apoio nenhum, porém, já está no seu décimo sexto no de existência. Não sei qual a sua periodicidade, mas já está no número 44. A responsável pela publicação poética, em suas páginas, publica entrevistas e algumas poesias...

Em seu Editorial o periódico afirma que: 

"Cercados pela viol~encia da natureza: catástrofes, tornados, enchentes, maremotos; na gangorra da povoação à força da vida: desmatamentos, poluições, desertificações. Cercados pela violência dos agentes do poder: assassinatos, massacres, guerrilhas; em pleno jogo de códigos, leis estatutos, regidos por ética ambígua. Cercados pela violência das doenças físicas e mentais, no lance do ímpeto dos curadores, magias e engodos. Cercados pela violência da tecnologia: avalanche de informações, silêncio aturdimento à falta de comunicação e acolhida. Neste turbilhão que assola o século, resta a poesia, raiz da arte, que se insurge em qualquer canto. Ela sopra um ar de esperança na voz do poetaque trascende os giros da violência: a voz dos poemas..." 
(Este periódico é uma publicação tímida, porém, revolucionária. O periódico, que é distribuído gratuiamente, leva poesia para vários bairos do Rio de Janeiro)

Ele pode ser encontrado nas livrarias Leonardo da Vinci, Livraria imperial, Livraria da Travessa, Livraria da República, Livraria prefácio, Livraria Nobel, Livraria Psi e Eldorado Books, garamond, Livraria camões e Livraria Carga Nobre, no Rio de Janeiro.
  

                                  Vamos à entrevista!

Poesia Viva: Você vê, nos dias de hoje, a poesia digital concorrer com a poesia oral e escrita?

Igor Fagundes: Vejo, nos dias de hoje e ontem, o ímpeto viciado da classificação a concorrer com a poesia, como se bastasse uma adjetivação, um atributo, para dar conta do que, substantivamente, segue na maioria das vezes impensado ou escamoteado por algum discursoretórico. Não basta falarmos de poesia digital , poesia oral, poesia escrita, se não houver, sempre e primeiramente, poesia. As classificações até podem importar sociológica e/ou antropológicamente; podem até conspirar em favor de alguma historiografia  estética ou estilística, mas o pensamento substantivo, o pensamento do próprio da poesia, é sempre mais radical.     
Difunde-se muitas vezes, uma tend~encia à poesia performática, ao video-poesia, ao poema-dança etc., como se alternativa e diversidade de produção significassem uma possível superação da poesia de papel e, principalmente, do livro impresso. Eu sei que, em tese, os palpiteiros alegam a não superação e a importãncia da pluralidade, porque a praxe é, afinal, apelar para o discurso da democracia, da convivência harmoniosa . mas isso me lembra o mito da cordialidade entre negros e brancos, no qual todo conflito e desequilíbrio se ocultaram na fala festiva da miscigenação.    

Poesia Viva: O que significa a poesia em sua vida?

Igor Fagundes: Para responder, eu precisaria saber o que vida significa. Como não sei, escrevo. E descubro, de repente, que vida faz sentido.

Poesia Viva: A experiência de publicar poesia é prazerosa? 

Igor Fagundes: Se eu disser que não é, mentirei, porque fomos e somos educados a vaorizar o ego e este , se não quiser o rótulo do sado-mazoquismo, terá de esforçar-se para sr feliz. No entanto, felicidade não é prazer: o hedonismo me parece um tanto circunstancial, parcial, frívolo e, uma vez mais, egoico. É pouco para justificar a publicação (mas, como nos agradalançar mão do pouco, vale como justificativa, mesmo que seja uma justificativa vagabunda, e mesmo que sejamos nós os vagabundos sem vergonha de publicar qualquer gavabundagem [ética utilitarista, que aliás, justifica a Democracia]). A felicidade é mais radical: perfaz-se no pleno, na completude, na doação e, como tal, não prescinde da experiência da morte, agora mesmo, aqui mesmo: já. Não houvesse o morrer, não faríamos a felicidade no sentido de uma vida, porque ser feliz é, de fato, se fazer infinito enquanto finito. Publicar tem muito que ver com essa promessa não cumprida de felicidade, com essa esperança, e logo, essa procura pela eternidade prenhe  de despedidas que é o instante, ou seja, pelo memorável pelo memorar, pelo comemorar disto que, vindo a ser (presente), imediatamente deixa de ser  (torna-se esquecimento). Na publicação o ego não é tudo: é quse nada. Fosse realmente tudo, já teria deixado de ser ego. Mas, publicada, a poesia nos dá a sensação de que ela é tudo para a gente, não é mesmo? Imensa, sem-limites, ainda que nos limites de um livro. Ou seja: a poesia se torna de todos e de ninguém. A poesia aparece anômina. E deixa o sil~encio aparecer. É ele que comemoramos. Só alguem ou algo que pode ser prazeroso ou não-prazeroso. O silêncio, para aquém e para além do dito e do que se diz, não se predica. Está em aberto. Chama-se: o aberto. E o aberto também tem esse nome: abismo.          

Poesia Viva: Como você se descobriu poeta?

Igor fagundes:   Não alfabetizado desenhava bonecos e lhes concedia histórias, contando-as à minha mãe. mais tarde a brincadeira virou novela. Todo dia, no mesmo horário, reunia-me com eles para mais um capitulo. Criava, inclusive, trilha sonora para cada personagem. DE repente dei para brincar de canto, dança, teatro. Ficava na calçada de casa exibindo-me. Arrisquei os primeiros versos por volta dos nove anos e, ironicamente, escrevia-os no verso das provas da escola primária. Dois anos depois, após assistir um filme e ainda sem máquina datilográfica, sem computador, parti a tecer enredos à mão. A partir daí, fizeram-se compulsivos os manuscritos. Antes de poeta, pensei-me novelista, roteirrista, dramaturgo e romancista. Tive pouquíssimas aulas de literatura no colégio, porque, por razões adversas, migrei ao ensino técnico em Química, com uma grade curricular eminentemente tecnológica. Ali, nas ligações de carbonos e hidrogêneos, estava o poético. Muito antes de tornado refém ds formalismos textuaise estilos de época ensinados pela teoria literária. E eu fui descobrindo aos poucos a pesia do ácido, da base, do sal.        

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Fisica Quântica

De manhã
Apenas monto as partes
Do quebra-cabeças
Da física quântica
Do metafisicismo
De meu ser
E assim surjo para
O amanhecer.

                                                  Dennys Andrade

A barraca da Chiquita

Tua barraca Chiquita
cantinho de bem-estar
Tem jeito de casarão
Quitudes a degustar
Tem aipim, carne seca
Tem buchada com pirão
Carangueijo, peixe frito
Tem caldinho de feijão
Tem Pitu, tem Praianinha
Tem cachaças de montão
tem xaxado, tem forró,
Ciranda, frevo e baião
Tem Chiquita sempre alegre
E buxicho do povão

                                                       José Manuel Estrela

domingo, 7 de agosto de 2011

A Sopinha de Versos é uma revolução por quê?

A Sopinha de versos é uma revolução porque ela tirou a poesia da Internet e a fez circular pelas ruas do Rio de Janeiro e também por outros estados dos Brasil: Minas Gerais e Espírito Santo.

 Como é uma revolução bairrista, ela se expande aos poucos...


Este instrumento poético - de popularização da poesia escrita de grandes autores - foi criada para ser utilizada apenas em saraus de poesia específicos, sendo distribuída em grupos fechados de poetas, mas devido à percepção de que a sociedade estava carente de poesia; precisando dela!, e também devido à resposta favorável das primeiras pessoas que receberam os rolinhos de poesia, contendo versos de João do Rio, no bairro da Penha (RJ), resolvi investir na Sopinha e divulgá-la cada vez mais...


Devido à esta resposta favorável das pessoas - populares - que receberam as Sopinhas de Versos foi que bateu a ideia de distribuir os versos de forma contínua. Como consegui um apoio (em impressão) de um curso de inglês cerca de uma ou duas semanas após ter começado o projeto de divulgação nas ruas, que começou no dia 2 de dezembro, resolvi "expandir", como bem diz a Folha Dirigida (21 a 27 de junho de 2011) .

Sempre digo que esta é uma revolução bairrista porque ela começou no dia 2 de dezembro de 2010. Neste dia o programa Mais Você, da Ana Maria Braga, foi na Igreja da Penha e deu espaço para alguns artistas locais mostrarem as suas artes, e eu também fui, mas cheguei lá em cima da hora de o programa acabar e não pude ler a minha poesia...

Por um acaso da vida, eu tinha levado as Sopinhas de Versos que haviam sobrado de um sarau de poesia que eu havia feito no Penha Shopping alguns meses antes. Como não consegui falar a minha poesia e nem mostrar o que eu tinha bolado - as Sopinhas de Versos -, então, durante a volta para casa comecei a distribuição!

Depois desse dia comecei a distribuir a pé nos bairros: Penha, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila da Penha,Centro, Glória, Laranjeiras, Flamengo, Botafogo, Copacabana...

E assim foi. 

Iniciei essa maratona de distribuição porque antes dela ninguém admitia que gostava de poesia, só eu que sou fascinado por ela!

Então pensei: "Já que ninguém gosta de poesia mesmo, deixa eu distribuir a minha arte."

Pois durante a vida acadêmica, em todos os lugares, ninguém admitia que gostava, mas era só eu falar uma poesia minha e todos gostavam e aplaudiam, e eu pensava em um jeito de divulgar a poesia, mas não encontrava. Isso aconteceu no primeiro grau, quando comecei a fazer poesia (8ª série), durante todo o segundo e também durante toda a faculdade (Comunicação Social/ Jornalismo)...

Como todo mundo gostava de poesia e ninguém admitia isso mesmo, comecei - em um projeto pessoal - a distribuir as Sopinhas de Versos e descobri que eu não era o único que gostava de poesia.

A poesia, na verdade, é um gênero literário que não é muito prestigiado pelas grandes editoras, justamente porque não há Mercado para ela... Com a distribuição de versos no Rio de Janeiro, ao menos, consegui criar um pequeno e fiel nicho de Mercado (mercadológico) de pessoas que consomem poesia.

O mais legal é que a pessoa, o transeunte da rua não espera ganhar uma poesia, ainda mais de graça... 

Como a distribuição é gratuita, pois não aceito dinheiro algum em troca dos versinhos, a Sopinha de Versos se faz em um instrumento: o instrumento da Revolução dos Versos!

Sim porque a poesia tem um potencial revolucionario, porém, esta revolução é uma revolução pessoal.

No Rio de Janeiro, e penso que em todo o Brasil, saraus de poesia estouram, ou melhor, acontecem à toda hora, e quem sabe ao mesmo tempo... Isso é a Revolução dos Versos!

Desde a virada do Milênio vários saraus de poesia vem acontecendo no Rio, de forma independente, só que como o público que gosta de poesia é um público seleto, e as vezes não declarado, fatalmente, um sarau acaba retirando o público do outro...

Mas poesia é assim, quem gosta gosta, e quem não gosta, ao ouvir alguma poesia bem feita passa a gostar, ou ao menos, a sinpatizar com ela.

Dennys Andrade

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Fatos e Versões

Todos sabem: no jornalismo existe e sempre existiu os fatos e as versões dos fatos, porém estas versões devem ser ao menos verossímeis...

"Na verdade os jornalisas, ao escreverem suas matérias dão, ao mesmo tempo, segundo Florence Aubenas e Miguel Benasayag - "A Fabricação da Informação" (2003) - a imprensa separa o que será dubia: a primeira visível e a segunda escamoteada... Existe dentro da imprensa uma seleção do que será considerado importante e do que será considerado anedótico, como na ampla cobertura da mídia sobre a condenação da França pela Corte Europeia dos Direitos Humanos de Estrasburgo, em julho de 1999. Na delegacia de Bobigny, um suposto traficante de drogas havia sido espancado e violentado por policiais, em 1991. Até então, somente um outro paí havia sido condenado pelos mesmos motivose pelo mesmo tribunal, a Turquia. O julgamento passara despercebido. Humanamente, os jrnalistas com certeza ficaram comovidos nos dois casos. Mas um só surpreendeu, e o outro não."  

Sendo assim, dois fatos acnteceram sucessivamente: a França foi condenada por toryura, mas também, em segundo sentido, em um país democrático como a França - e também o Brasil! - se possa ser violado, como afirma os autores... na Turquia isso - ser violado ou violentado - é normal.

Em uma mesma movimentação os jornalistas em todo mundo, porém estes mesmos jornalistas fracassaram em sua revolução - que é informar o que verdadeiramente acontece no mundo - e ao i´vés disso "mostra o mundopor intermédio da vida dos grandes homens." Isso é errado, pois como defendem os autores "Os historiadores fizeram isso durante muito tempo"; eles se basearam no mito de que alguma figuras históricas ou acontecimentos importantes contariam (representariam) a totalidade da história da sua época, ou seja - eles "se baseavam na cerimônia do despertar e do deitar dos reis".

Os jornalistas partiram todos para uma revolução fracassada, que é se porem em primeiro plano, através da sua singulardade, fazendo assim, ao invés de jornalismo um aimenso diário pessoal, ou seja, a mídia neste viés se torna "um mundo á parte", que sedestrutura  e substitui o real, abalando a ordem establecida...

Nesse extrato abstrato da realidade construído pelos jornais, dentre a multiplicidade dos Veículos de Comunicação de Massa, os jornais testemunham tudo o que os diversos setores da sociedade pensam, querem ou vivem e certos impressos marginais, contestadores; como a Revista Piauí por exemplo que publicou a entrevista que derrubou o Ministrao Nélson Jobim (Ministério da Defesa) - um ministro que foi trocado pelo ex-ministro das Relações Exteriores da Lula, o Celso Amorim.

Bem, a Globalização nos diz que todos devem "acomodar-se com o mundo tal como está, já que será sempre impotenteb diante da força da Globalização".

O pensador Gransci aborda um outro viés que orienta o saber no caminho de um saber  que pode desencadear uma mudança, um engajamento, uma revolução.... 

Segundo o autor todo pensamento, "todo o saber pode se tornar tanto crítico como uma nova informação.", afirmando que é preciso buscar um efeito de autoridade para para surgir um efeito de verdade, isso porque o receptor da informação pensará que uma outra pessoa mais capaz conhece a solução, concluindo que o obscurantismo das coisas reside está na substituição do questionamento....

Benasayag afirma que em tempo Modernos, na atual conjuntura das coisas, "o fio do cotidiano é bastante resistente para para evitar toda ruptura", pois uma mesma nformação produz efeitos diferentes, de acordo com o posicionamento do receptor da informação: para uma pessoa,um indivíduo que se engaja, a informação irá produzir em curto espaço de tempo "um buraco no saber", do qual o indivíduo irá se reordenar e orientar a partir desta informação; dando novos contronos a tudo o que ele já sabia: "Longe de se fundar sobre o conforto de uma certeza, essa escolha consiste num desafio para aquele que, imerso numa situação assume a decisão de agir", porém a pessoa reacionárioa, que assumiu um gesto libertário, parte para o tudo ou nada.

"Em contrapartida aquele que resiste [ao poder ou influ~encias da mídia] não sabe é o resultado de sua aposta, na qual, no entanto, ele joga a própria vida.", e neste contexto de informação e desinformação instaurado no processo comunicacional o interessante é se produzir algo novo [textos, música, poesia] baseado no que saiu ou no que sai na grande mídia nacional...

_ Essa é a mudança!

Uma ruptura se faz necessária, como forma de resistência ao mundo espetacular dos Meios de Comunicação de Massa, porém traçar um plano de batalha á desinformação é insignificante contra uma imprensa não-comunicante, segundo Benasayag.

O fazer jornalístico atual deve se dar conta do mundo múltiplo em que habita, abrindo-se para as práticas sociais "concretas" dos cidadãos, que encaminhan-se para as brechas, para as fendas do  mundo não utilitarista e não-capitalista. Como? Através do jornalismo cidadão, ou seja, através dos blogs da internet...

_ Se não se pode romper com o cotidiano, ao menos interferir de forma ativa sobre ele...

Dennys Andrade     

sábado, 6 de agosto de 2011

Sarau 04 de fevereiro de 2011

http://www.youtube.com/watch?v=9UgBdvJEag4

Sarau da carioca

O Sarau da Carioca é um movimento poético literário que vem ser realizando desde a primeira sexta-feira do mês de dezembro de 2010; a sexta-feira seguinte à ocupação do Morro do Alemão pelas forças do Estado. O movimento literário surgiu como uma resposta à violência vivida por todos no Rio de Janeiro.

No Sarau da Carioca é utilizado a Sopinha de Versos, que é uma dobradura feita com tiras de papel contendo trechos de versos dentro, de diversos autores renomados nacionais e internacionais.

A Sopinha de Versos surgiu como uma forma diferente de se homenagear autores nos saraus de poesia: nos diversos saraus de poesia que acontecem no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais e em todo o Brasil de forma aleatória... A esse movimento de realização de saraus dispersos que acontecem em todo o país, conceituo como uma Revolução dos Versos.

A Revolução dos Versos, aliás, é isso!!!

Diversos saraus espontâneos acontecendo todos ao mesmo tempo, a nível nacional, pois existe uma certa coordenação entre os saraus que acontecem em uma mesma cidade, para um sarau não tirar o público do outro. Porém o limite desta coordenação – dessa coesão – é muito fraco, mas minimamente existe!

Como não existe uma coordenação entre os saraus que acontecem no Brasil, fatalmente e certamente, é claro, mais de um sarau de poesia acontece em um mesmo dia, seja em nível municipal, estadual e federal, e como não existe nenhuma coordenação desses saraus independentes que estouram ou pipocam à toda hora no país, pode-se dizer que todos acontecem ao mesmo tempo, mesmo que ocasionalmete no mesmo horário

Isso é revolução... Isso é a Revolução dos Versos!!! Esta revolução, aliás, já está proclamada! 

A Revolução dos Versos foi proclamada no dia 29 de outubro de 2009, em um sarau realizado no Centro Cívico Leopoldinense, que é um clube tradicional do bairro da Penha (RJ): este é um clube que foi fundado por escoteiros nos anos de 60 ou 40, não sei ao certo...

Nesta ocasião que criei a Sopinha de Versos para homenagiar o poeta João do Rio com poesias que foram extraídas do livro “A Encantadora Alma as Ruas”, com versinhos como:

“Tem duas coisa na vida que me faz chorá. Uma é nó nas tripa, a outra é bataião navá.”

E quem nunca ouviu:

“Se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar, com pedrinhas de brilhantes, para o um amor passar.”

Quanto ao primeiro versinho penso que o autor se referia ao episódio dos “18 do Forte” acontecido em 1922, no Rio de Janeiro, em que o Forte de Copacabana disparou balas de canhão contra outros fortes cariocas devido ao atraso ao início do movimento militar brasileiro que ficou conhecido como “Tenentismo” que se espalhou por todo o país e culminou com a posse de Getúlio Vargas em 1930. Em 1954, coagido por tropas militares brasileiras, se suicidou...

A invenção das Sopinhas de Versos deu tão certo que as pessoas do sarau de poesia só quiseram saber de retirar e ler os versinhos das sopinhas, fazendo assim um rodízio para degustar a Sopinha de Versos!

Neste momento rompeu-se, o que já era uma tradição nos saraus realizados no Rio de Janeiro, pois os diversos saraus eram de poesias autorais, ou seja: os diversos poetas iam para ler as suas “próprias poesias”, deixando assim, de lado, os grandes autores... Com a Sopinha de Versos o foco poético deixou de ser as “poesias produzidas pelo próprio autor” e passou a ser as poesias feitas pelos grandes autores.

No fim do sarau, do dia 29 de outubro, sugeri ao Mestre Jonas, que havia me convidado para organizar o sarau: “O que você acha de nós proclamarmos a Revolução dos Versos no bairro da Penha?”, no que ele me respondeu: “Já está proclamada!”

En6tão, os poetas do bairro da Penha consideram que a Revolução dos Versos foi proclamada no dia 29 de outubro de 2009. Em dezembro de 2010 se iniciou a distribuição gratuita de versos (Sopinha de Versos) de autores renomados pelas ruas do Rio de Janeiro.

Já foram homenageados no Sarau da Carioca os autores João do Rio (homenageado em dezembro de 2010), Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes, Augusto dos Anjos, laurentino Gomes, Álvaro Moreyra, Monteiro Lobato, Dorival Caymmi, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade e outros...

Dennys Andrade

  

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Entrevista Ferreira Gullar

Entrevista da Folha On Line veiculada no dia 21/12/05


"Você nasce poeta", diz Ferreira Gullar

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da Folha Online

"Você nasce poeta. Como disse Noel Rosa, samba não se aprende na escola", afirmou na tarde desta quarta-feira o poeta Ferreira Gullar, 75, em sabatina realizada pela Folha em São Paulo.

Durante duas horas, Gullar respondeu a perguntas feitas por entrevistadores e pela platéia. Para sabatiná-lo, foram convidados os colunistas da Folha Nelson Ascher, Pasquale Cipro Neto e Manuel da Costa Pinto e o professor de história da cultura (USP) Nicolau Sevcenko. O poeta foi a décima personalidade a participar das sabatinas da Folha.

Nascido no Maranhão, José Ribamar Ferreira publicou seu primeiro livro de poemas, "Um Pouco Acima do Chão", em 1949. O poeta afirmou que a efervescência literária brasileira contemporânea à sua juventude e ao início da sua produção não o influenciou de imediato.

Marcelo Lobos/Folha Imagem
Ferreira Gullar foi sabatinado nesta quarta
Ferreira Gullar foi sabatinado nesta quarta

"Nasci em São Luís [MA]. Era uma cidade à qual as coisas chegavam cem anos depois. Para mim, os poetas estavam todos mortos. Essa era uma profissão de defuntos. Então, comecei como poeta parnasiano, com decassílabos e dodecassílabos", disse. "Só mais tarde tomei conhecimento de que havia outra poesia que não era rimada e metrificada: nenhum princípio a priori, nenhuma norma. A poesia agora não tem forma, e a linguagem nasce junto com o poema."

Essa ausência de forma preestabelecida está em sua primeira obra de destaque, "A Luta Corporal", publicada em 1954 --que, segundo o poeta, "destroça toda a linguagem". "Augusto de Campos [um dos pais da poesia concreta] me disse: 'A sua posição é destrutiva; a nossa é construtiva'."

Duas décadas depois, Gullar publicou "Poema Sujo" (1976), extenso poema editado em livro. "Não planejava escrever um poema tão grande. Na verdade, não planejo meus livros", ressalta. A obra foi escrita em Buenos Aires, durante o seu exílio. Pouco tempo antes, ele havia deixado o Chile, que se fechara após a morte de Salvador Allende. "Meu apartamento foi invadido várias vezes", lembrou.

Com seu passaporte invalidado na Argentina, que também se tornava uma ditadura, o poeta afirmou que passou a sentir-se preso e angustiado. "Achei que tinha de escrever a última coisa possível. Pensei: 'Vou dizer tudo enquanto é tempo, vou vomitar o meu passado na página, sem ordem nenhuma, como se fosse uma galáxia, e extrair um poema."

De cara

Para Gullar, não se aprende a ser poeta --ou você é ou não é. "Recebo coisas de jovens do país inteiro. Leio o primeiro, o segundo, o terceiro poema e só. Porque você vê de cara se ele é do ramo ou não. Um poeta é diferente do outro, mas ele tem sempre uma maneira especial de lidar com a palavra."

Sua produção não segue uma linearidade temporal, depende das inspirações que vão surgindo ao longo da sua vida, ele explica. E, se elas não vêm, o poeta não chega perto do papel e da caneta.

"Quando acabei 'A Luta Corporal' [1954], entrei em crise. Acabou tudo, destruí a linguagem, fiquei no vazio. Fiquei estudando filosofia por muito tempo. Não tinha rumo, estava perdido."

Governo

Gullar, que já foi presidente da Funarte, demonstrou insatisfação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não votei nele. Há muito tempo eu já não acreditava que o PT seria capaz de governar o Brasil atendendo aos desejos da população." Entre as decisões do partido que o poeta julga equivocadas estão a oposição à Lei de Responsabilidade Fiscal, o Fundef e o acordo de não proliferação de armas nucleares. "[Esse governo] é uma empulhação."

Sobre o ministro da Cultura, Gilberto Gil, Gullar afirmou que tem ouvido muitas reclamações. "Artistas de diferentes áreas dizem que o ministro não tem cumprido o seu papel. Dizem que os projetos não vão adiante, que as solicitações não têm andamento."

Para ele, a função do governo é apenas dar suporte às artes, não direcioná-la. "Quem cria arte é o povo, não o governo. [O governo] tem de criar condições para os artistas, não orientá-los [como vem acontecendo]", afirmou o poeta, que já teve uma produção literária de conteúdo político.

Apesar da freqüência irregular, Gullar continua escrevendo --segundo, ele, "apesar da idade". "Achava que, com a idade, a gente perde a capacidade de escrever. Mas estou é ficando mais pirado", brincou.

Especial

  • Leia o que já foi publicado sobre Ferreira Gullar


  • Veja como foram as sabatinas anteriores



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