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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Entrevista Igor fagundes (Parte 3)

Poesia Viva: As vozes de ator, de jornalista, de poeta seguem linguagens diferentes?

Igor Fagundes: Confesso-me atualmente surdo à voz do jornalista, na verdade emudecida em 2008, quando me "aposentei" precocemente como repórter. Ainda que publique resenhas em jornais, meus artigos não obedecem a nenhuma "regra" do jornalismo. Defendo uma escrita em que - seja reportando, seja resenhando - a palavra não seja instrumental. SE, ao comentar um livro, este não me permitir o desenvolvimento de uma crítica realmente literária (feita pelo literário), não emitirei juíso. Tenho que ser pego pela poesia na hora de ensaiar uma resenha; do contrário, serei só retórico. E mentiroso. O poema pode ser ajuizável, mas a poesia acontece ou não acontece. Se não aconteceu, como comentar o que sequer foi vivido? Acabarei comentando apenas de que forma determinado livro se adéqua ou não às formas e às fôrmas de alguma verdade retórica. Assim, abstenho-me de qualquer crítica que só se ocupe de - sadicamente - derrubar um pobre coitado que jamais esteve, algum dia, de pé.

Quanto ao tor, este se encontra sempre por perto, por dentro. DE fato, escrever é uma experiência corporal. Sentado no computador, meu corpo se contrai, sem dor,  goza: é real. Dizer o poema  oralmente é também atravessar a poesia em toda a sua inteireza. Mesmo cotidianamente, quando penso e falo, transpiro, expiro, inspiro, suspiro, sorrio, suspenso as sombrancelhas, arregalo os olhos, arrepio-me com coisas que me descobrem na hora em que penso descobri-las. Ao lecionar, esse pensamento-corpo-emoção faz acontecer o professor-poeta como aluno-ator.

Poesia Viva: Que tempo pesa mais sobre sua obra: ontem foi Sete Mil Tijolos e um Parede Inacabada, hoje Zero ponto Zero. E amanhã?

Igor Fagundes: Embora publicado em 2010, Zero ponto Zero foi escrito em 2007 e, cronlógicamente, tamb[em pertencia ao "ontem" caso não perfizesse, junto com Sete Mil Tijolos e Uma parede Inacabada, de 2004, o meu presente. Eu sou todos esses anos e mais aqueles que, não vividos ainda, já se cumprem como possibilidade. O que pouca sabe é que escrevo mais ensaio e filosofia, sendo bastante bissexto na escrita de poemas. Mas quando começo a riscar algum, vem uma porção, um atrás do outro,como costura de um livro que nasce de uma ideia regente, de u lead para cada texto-tecido. Processo semelhante está para ocorrer agora, quando começo um poemário novo, dentro da mesma motivação: um tema se desdobra em város fios e cada linha, afiada e desafiante, corresponderá ao mesmo apelodos vãos, das aberturas da rede. Enquanto essa trama não se arremata, editam-se duas outras com a data da publicaçãoprevista para o segundo semestre de 2011. Dois livros ensaísticos, de cunho filosófico e que articulam as questões da arte, da religião, do mito e da ciência como experiência do sagrado. Detenho-me numa revisão das interpretações das narrativas bíblicas, dos mitos gregos e principalmente dos iorubannos, buscando, na leitura, uma libertação dos paradigmas tendenciosos da metafísica ocidental, nos quia - mesmo sem saber (e é isso pretendo mostrar) - a própria antropologia e sociologia ainda se baseiam. Trata-se de um encaminhamento acerca da identidade e diferença pouco visitado pelo culturalismo.         

               

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