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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O Sono Que Desce Sobre Mim

O Sono que desce sobre mim,
O sono mental que desce
Fisicamente sobre mim,
O sono universal que desce
Individualmente sobre mim -
Esse sono
Parecerá aos outros sono de dormir
O sono da vontade de dormir,
O sono de ser sono.
                                        (Fernando Pessoa)

Nota sobre a Revolução dos Versos

Revolução dos Versos!!!

O mundo atualmente passa por intensas transformações, como a derrubada de Osni Mubarak, e as revoltas na Líbia. Todas fruto de revoltas populares!

A população tem o poder!!!

Como diria o ditado popular "a voz do povo é a voz de Deus...", mas enfim, o mundo passa por mudanças e é o povo que comanda estas mudanças.

Com a poesia é a mesmíssima coisa que acontece...

As grandes editoras brasileiras, por exemplo, nunca investiram no gênero poesia porque este não é um viés literário explorado pela mídia, como o romance, mas poetas independentes, acredito que desde os anos 90 vêm se manifestando aleatóriamente.

Agora, desde a Virada do Milênio, desde o ano 2000, tenho percebido que poetas - muitos poetas - têm se manifestado fazendo seus livretinhos, seus caderninhos de poesia de forma caseira, ou não. Desde a Virada do Milênio a produção poética no Rio de Janeiro, e acredito que em todo o Brasil, se intensificou. Vejo na Internet sempre anuncios de saraus de poesia, assim como convites que recebo por e-mail para participar de saraus diversos.

No dia 29 de outubro de 2009, quando houve a proclamação da Revolução dos Versos no bairro da Penha eu até levantei da cadeira e esbravejei:

_ Eu declaro ploclamada a Revolução dos Versos no bairro da Penha!

Fiz isso porque tinha em mente que para uma revolução acontecer se fazia necessário uma proclmação, uma coisa meio que "Proclamação da Independencia" que Dom Pedro levantou a espada e disse: "Independência ou morte!", exatamente como se vê nos filmes brasileiros, mas o que eu não sabia é que a Revolução dos Versos é diferente...

Esta é uma revolução bairrista...


Esta é uma mesma revolução que está acontecendo nos bairros, um bairro de cada vez...

Quando eu fiz o papel patético de levantar da cadeira e anunciar a Revolução dos Versos, em 2009, não sabia que para esta revolução acontecer não se precisa que ninguém anuncie, pois ela acontece e pronto.

Para ela acontecer basta existirem pessoas concentradas e dispostas a recitar poesia...

No dia 4 de fevereiro de 2011 quando eu fiz o terceiro Sarau da Carioca na barraca do Carlão,no Centro do Rio de Janeiro, em frente à Estação da Carioca (Metrô) não precisou ninguém anunciar nada e a revolução simplesmente aconteceu!

As pessoas que participaram do sarau se revezavam para ler os versos de Fernando Pessoa e o que se poderia chamar de uma  "revolução solar", segundo o próprio autor, simplesmente se tornou realidade.

A conclusão que tiro deste fato é que quando se tem pessoas reunidas recitando poesia é porque a Revolução dos Versos está acontecendo, e ela acontece em todos os saraus de poesia que são feitos aleatoriamente no país sim, seja no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Brasília, enfim,  aonde for que se reunam pessoas para falar poesia ela se faz presente.

Ela simplesmente acontece!

Esse é o conceito da Revolução dos Versos, que não é uma revolução convencional, com armas, tropas, tiros e mortes, mas sim uma mudança de postura perante os revezes da vida.

A Revolução dos Versos, na verdade, é um conceito! A Revolução dos Versos é a mudança de um conceito que está enraizado na sociedade!!!

Para se mudar um conceito - um paradigma - não é fácil, mas como todos os poetas agem a mesmo tempo, mesmo que de forma independente um do outro, um dia chegaremos lá...

(Dennys Andrade)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Um Programa de rádio diferente...

Em agosto de 2006 eu estava fazendo uma matéria na faculdade que eu precisava elaborar um projeto de comunicação para umaONG qualquer, então perguntei á professora se eu poderia fazer o projeto para uma rádio com unitária, e ela disse que sim...

Fui na Rádio Comunitária do bairro da Penha, A Rádio Rayyzes FM, que eu já conhecia, pois tinha um amigo meu, o Latoy Jackson, que tinha um programa na grade da rádio...

Na verdade ninguém deve saber quem ele é, mas todo mundo praticamente conhece a voz dele, pois as Kombis botaram o bordão dele no programa para ser a buzina. É ele que fica falando: "Aí, que isso, ui ui ui, não é posível...", em uma voz istérica. lEe fala outras coisas, mas eu só consigo me lembrar desta frase. Na época (2006) quase todas as Konbis do Rio tinham essa buzina - o bordão é bem conhecido!

Bem, eu havia pedido para fazer um programa voltado para a poesia na rádio comunitparia, mas não me deram respostam... Um ano depois, durante uma entrevista que eu estava fazendo com o Flávio Santana, dno da rádio, ele me comunica que o meu programa iria começar no dia 11 de setembro. Me pegou de surpresa! Bolei o programa e casa e no dia eu estava lá...

No programa eu lia um perfil, uma biografia de um cantor, conjugava com as músicas dele mesmo e no fim falava uma poesia minha... Tinha um senhor que fazia o programa comigo, o Paulo Roberto, que era vendedor ambulante, mas que gostava de poesia tanto quanto eu, então, a gente fazia o programa.

Na época eu estava participando da organização do sarau Cultura e Poesia, de iniciativa do autor do bairro da Penha, o senhor Mário Xavier , mas como eu estava fazendo faculdade de Comunicação, quem fazia a divulgação do sarau para a grande mídia era eu.

Esse grupo começou a fazer saraus no bairro da Penha no mês de agosto do mesmo ano (2006), mas acabou no mês de dezembro, pois o seu Mário xavier faleceu e o pessoal desanimou... Mas eu não!!!! Depois no ano seguinte ainda organizei o Sarau de Olaria e fiquei assim, tentando fazer a poesia acontecer no bairro da Penha...

Isso eu não sei se consegui, mas pelo menos, de uma coisa eu fui o responsável:

_ Da introdução da poesia no bairro da Penha como manifestação cultural de massa (da população), e me orgulho muito disso!!! Pelo menos isso eu consegui quando elaborei o programa de rádio que se chamava "Toque de Poesia".

_ Legal, né...
  
O programa "Toque de Poesia" deve ter sido o primeiro programa no rádio brasileiro totalmente voltado para a manifestação poética, compreendendo como poesia não apenas a poesia escrita em si, mas também as músicas... Na verdade em cada letra bonita: É só ler alguma letra da legião urbana para constatar isso...

Diário de Bordo:

É impressionante como a receptividade das pessoas muda de um bairro para o outro. Na Villa da Penha as pessoas não são tão receptivas quanto no bairro da Penha, mas acho que é pela quantidade de panfleto que é distribuído no bairro.

Estava eu distribuindo as Sopinhas de Versos em frente ao Carioca Shopping e muitas pessoas se recusaram a pegar a sopinha, que eu estava oferecendo. Tendo em vista a recusa da pessoa, guarva o verso sobrado... Outras pessoas me perguntavam "o que é isso?", e eu respondia "Versinho...".

Aliás, sempre que alguém me pergunta o que é a sopinha de versos, apenas respondo: "Versinho." Existem pessoas que se animam e abrem a Sopinha de Versos com agilidade e presteza, outras se recusam a pegá-as mesmo. Já teve gente que me perguntou se era de graça mesmo. Disse que sim! Outras pessoas me devolvem a poesia após ler e eu apenas afirmo: "A poesia é sua." 

A maioria das pessoas agradecem a guardam no bolso, outras não acreditam que realmente é de graça a poesia. Te gente que me pergunta o porquê é que eu estou fazendo isso... Já me perguntaram se eu estava ganhando alguma coisa para divulgar a poesia... Sempre respondo que não, que faço isso porque gosto de poesia e porque a poesia não é devidamente valorizada na sociedade, então, a sopinha foi a forma que eu criei de divulgar a poesia.

No início comecei fazendo-as apenas com autores renomados, como João do Rio, Vinícius de Moraes, Fernando Pessoa, ms agora que eu consegui um apoio para fazer as impressões das folhas que irão se tornar Sopinhas de Versos, que é um curso de inglês que gostou do projeto, comecei a fazer as sopinhas com autores novos, da nova geração.

Na Penha tá dando certo, todo mundo comenta comigo que essa é uma iniciativa legal e que a Penha estava precisando disso...

Quero deixar bem claro que estou falando do bairro da Penha e não o bairro da Villa da Penha, que conversando com o meu amigo Evando, que é o dono da Biblioteca Comunitária Tobias Bareto, descobri que ele já faz uma divulgação de poesia a mais de 20 anos nas praçãs do bairro com um megafone...

_ Legal!!!

Teve um dia que eu estava distribuindo as sopinhas pelo IAPI da Penha e tee u amigo meu que disse que eu era o primeiro que estava distribuindo versos n bairro da Penha, pois ele nunca tinha visto niguém fazer isso antes...

_ Legal... Pioneiro da divulgação da manifestação da poética na Penha.

Espliquei a ele que eu tinha um amigo que faz isso já há 20 anos na Vila da Penha e elevoltou a afirmar que eu era o primeiro a distribuir poesia na Penha... Ele já deve morar no bairro a mais de 30 anos, sei lá... Mas é legal de qualquer forma.

Teve uma vez que estava distribuindo as sopinhas do outro lado da Penha (o lado do Shopping) e recebi uma crítica. A mulher da banca de jornal me disse que a iniciativa não daria certo porque o povo da Penha não era culto o suficiente para entender uma poesia de Camões por exemplo. Retruquei que a sopinha já estava dando o resultado esperado, pois as pessoas já estavam comentndo e discutindo poesia...

Ela voltou aafirmar que as pessoas não leriam a poesia e me sugeriu colocar uma frase para abrir a mente das pessoas... Bem, depois de uma hora discutindo aos berros com ela qual a melhor forma de se chegar na mente das pessoas que não são muito letradas, que segundo ela são maioria daquele lado da Penha ela sugeriu colocar uma frase qualquer antes da poesia.

Na hora não dei muita atenção á sugestão dela, mas depois fui fazendo testes. Coloquei frases de autores renomados nas sopinhas depois da poesia. Essa conversa e isso foi feito no mês de janeiro de 2011 e no próximo sarau, que foi realizado no dia 4 de fevereiro no Largo da Carioca, a Tv Rio Câmara foi cobrir o sarau...

Foi legal! O sarau ficou tão bom, que até a jornalista da TV que foi fazer a cobertura do evento participou. A ocasião foi a primeira vez também que todos os livreiros do Largo da Carioca participaram do sarau - por causa da televisão, mais isso não importa...

Durante o sarau as pessoas que passavam pelo Largo da Carioca vinham me perguntar se poderiam participar, e eu dizia: "Claro!"

Até comentei com o Carlão, que e o dono da banca de livros onde faço o sarau - carioca esquina com Rio Branco - que a preença da equipe de televisão no meu sarau era a realização do meu sonho. Depois chegou o Osvaldo, um poeta amigo meu, que mora no bairro do Rio Comprido...

Foi legal! Foi muito legal!!!

Foi a realização de um sonho: conseguir levar a poesia para a televisão...




   

Poesia

                      Provolver a Molta

A poesia tem o seu valor, mas
Tá tudo jogado à esmo...
Vamos promover a volta!,
Ou melhor;
Provolver a molta da poesia
como dantes.
Saber que poesia é tudo, e que
na verdade, na verdade; poesia é
A pedra e o prato, a pedra no sapato.
É o preto no branco,
A impressão no ofício;
É o print da impressora,
É o pensamento digitado no "computer",
É o escrito à manuscrito...
É tudo o que há.
Na verdade, na verdade;
É a cançaão elaborada
É o verbo proferido,
É a rima desrimada.
É o soneto e a frase.
É o jogo de olhares
É a fase
 - adolescência ou velhice -
É tudo o que há, já disse
Sem diz-que-diz-que,
É um dizer mais que perfeito
Ainda imperfeito...
A poesia não para:
Voa solta pelo ar.
Na verdade, na verdade: e ao bem da verdade,
Só faz poesia
Quem a conseguir captar o que há...
    ... e quem a conseguir captar,
Um bom poeta se tornará..
                                                     (Dennys R. Andrade)           15/02/2011

Popularização

É impressionante a reação das pessoas nas ruas ao receberem uma Sopinha de Versos, pois elas, as pessoas, não estão esperando receber nada de graça, ainda mais poesia, na rua...
Algumas me perguntam quanto é e eu respondo "nada"... Elas ficam felizes, leem e guardam a poesia no bolso, o que já é uma mudança muito significativa no paradigma da poesia no Rio de Janeiro.

Este projeto de divulgação de poesia - Sopinha de Versos - começou justamente quando eu percebi que as pessoas tinham uma certa aversão à palavra poesia. Coisa que aliás, as editoras de todo o país, sejam grandes ou de médio porte, se justificam dizendo: "Não há mercado para o seu livro (de poesia)..."

Eu mesmo já recebi três nãos de editoras importantes no cenário nacional e as três diziam a mesma coisa, a saber: "Não há mercado!"

Mas, apesar de todas as editoras às quais me dirigi terem me dito a mesma coisa, sempre me empenhei em divulgar, em popularizar o retorno da poesia na Cidade Maravilhosa, pois, apesar de todo mundo me dizer que não gostava de poesia, quando eu recitava as minhas poesias (do meu livro "Um Toque de Poesia") que tinha de cor, todos gostavam e me diziam: "Pô, legal a poesia, é sua?" , ou seja, todo mndo gosta de ouvir e até mesmo ler a linguagem poética, mas ninguém afirma isso, pois o pensamento (que chega até a ser machista) da sociedade é que "poesia é coisa de menininha indefesa",  e que a mídia até ajuda a divulgar, retratando nas novelas este pensamento. Quem não se lembra da novela O Cravo e a Rosa, que a personagem Bianca, com o esteriótipo de meninimha fraca, indefesa e sonhadora tinha como um dos seus passatempos favoritos ouvir ou recitar poesia?

Só que poesia não é coisa apenas de menininha fraca e indefesa... Dependendo do autor, a poesia é pauleira!!!  Poesia passa uma menssagem!  A poesia divulga um pensamento e faz as pessoas refletirem sobre ele.

Uma vez, lendo uma entrevista do poeta Paulo Henriques, que participou de um ciclo de leitura de poesia promovido pelo Clube do Assinante do jornal O Globo, na entrevista o profissional de jornalismo, não sei se era homem ou mulher, perguntou a ele:

_ Para o que é que serve a poesia?

E lele, o poeta Paulo henriques, poeta convidado do Globo respondeu:

_ Poesia não serve para nada, só pra fazer poesia mesmo.

                                   É mole?                              EU NÃO CONCORDO!!!!!

"Na época fiquei possesso!!! Não acreditava que ele tinha falado aquilo, que é uma coisa que não se deve falar nem no bar da esquina com os bêbados de plantão..."

Então comecei a refletir sobre o pael da poesia na sociedade atual...

E descobri que nessa onda de que poesia não é nada, não é nada, acaba orientando o pensamento da população de uma maneira informal.               

_ Até de bêbado!!!!

Digo isso, claro, em analogia - de modo geral - pois sempre que eu passo no bar e vejo alguém que  conheço eu distribuo as Sopinhas de Versos para todas as pessoas no bar e todas gostam... Algumas até recitam os versos da sopinha... Isso é uma coisa legal! É uma forma de divulgar a poesia de uma maneira sutil, e isso é muito legal!

Para concluir, de dou a liberdade de responder a pergunta feita ao poeta Paulo Henriques pelo jornal O Globo: "Para que é que serva a poesia?"

Resposta:  "Penso que a poesia não tem serventia nenhuma em m primeiro momento, mas é ela que vai orientar o pensamento da pessoa que a lê ou a escuta, pois a poesia tem a função de levar o consumidor dela, seja ele leitor ou ouvinte, a fazer uma reflexão sobre o estado atual das coisas na sociedade." 

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Revoluçaõ dos Versos

A Revolução dos Versos foi proclamada no bairro da Penha no dia 29 de outubro de 2009, no Centro Cívico Leopoldinense, que é um clube tradicional do bairro da Penha...

Essa revolução nada mais é do que a expressão artística na forma de poesia, que já é uma coisa efervecente, mas que está dispersa, nos saraus que são realizados espontneamente e independentemente nos diversos bairros da cidade do Rio de janeiro...

Estive conversando com uma professora de literatura, Giselhe Heffner, que é pessoa que editou o meu livro "Um Toque de Poesia" no ano de 2001 e ele comentou justamente isso. Que "a poesia está ganhando força, mas que ela está dispersa", ou melhor, isolada dentro dos saraus de poesia que são coisas bairristas.

Então eu contei que a Revolução dos Versos já havia sido proclamada no bairro da Penha, no ano de 2009 e que nós já estavamos vivendo sob a égide da Revolução dos Versos, que nada mais é do que a reunião desses poetas independentes em um´lugar só...

Ele me perguntou: "É evolução ou revolução?", então, repeti para ela que a Revolução dos Versos já estava proclamada. Que agora o que se precisa fazer é reunir os poetas em um mesmo lugar e era por isso que eu estava fazendo os saraus e que uma hora e iria conseguir reunir todo mundo para fazer uma coisa maneira.

Ele me disse que a poesia não tinha muita força para isso, pois não é uma coisa divulgada. Afirmei que já sabia e que era por isso que estava fazendo os saraus.

Um dia a gente chega lá, pois como afirmava Platão: "Se você quer mudar o mundo, comece por ti mesmo"

E a luta continua... 

Diversidade Cultural

Ontem, dia 4 de fevereiro, primeira sexta-feira do mês, no Sarau da Carioca, foi muito legal. A TV Câmara fez a cobertura do evento. O sarau é realizado na banca do Carlão (livreiro) que fica em frente à Estação da Carioca, esquina com a Rio Branco.

Um sarau que começou no mês de novembro (2010), não me recordo se na ultia ou penúltima sexta-feira do mês... Acho que foi na última!, e uma ou duas semanas depois, voltei lá e fiz o sarau de novo - aí sim, foi na primeira sexta-feira do m|ês de dezembro...

No mês seguinte, na primeira segunda-feira de janeiro, quando fui na banca do Carlão para saber se poderia fazer mais um sarau na sexta, ele me respondeu: "O espaço é seu!" , legal...

Retornei na sexta e fizemos o sarau, que era uma forma de se expressar culturalmente. Nunca tinha mais de três pessoas: eu, o carlão e um outro conhecido dele que ele havia convidado. O carlos Antônio até me perguntava se eu não tinha um grupo de poetas para participarem do sarau e eu respondia que: "Avisar eu aviso, mas nunca niguém vem".

Pois bem: no dia 4 de fevereiro houve tanta gente - muita gente! - que até me surpreendeu, superando as minhas expectativas...

Eu como sempre chego antes, mas ontem cheguei em cima da hora! O Carlão me avisou que tinha uma TV que vinha cobrir o sarau... No início eu não acreditei muito, afinal, eu já batalho hà muitos para colocar a poesia na televisão - coisa que não tem entrada em lugar nenhum -, e então ele me mostrou o cartão da pessoa que havia falado com ele de manhã, então acreditei!

Até falei que eu ia esperar eles chegarem para começar o sarau, mas aí ele resmungou, por assim dizer,:"começa logo" , então dei início ao sarau retirando uma sopinha e ele, na mesma hora disse "não, faz o que você sempre faz"...

E eu, com a minha cara de pau que Deus me deu comecei a falar ás pessoas que passavam pelo Largo da Carioca, ou seja, falar para ninguém e a falar à esmo: "É isso aí galera. Eu gostaria de começar o Sarau da Carioca de hoje. E hoje nós vamos fazer uma homenagem à Fernando Pessoa com a nossa Sopinha de Versos. Cada sopinha tem uma versos do autor. (...) E comecei! Retirei uma sopinha, l os versos que estavam na sopinha e pedi para um outro livreiro retirar uma sopinha. Ele não quis, então o segundo a retirar a sopinha foi o próprio Carlão... Depois o livreiro que eu havia pedido para retirar a segunda sopinha (o Francisco) se interessou e foi o terceiro da fila, quando a equipe de reportagem chegou e todos os livreiros quiseram participar do sarau retirando uma sopinha de Fernando Pessoa para ler.

Nos saraus passados eu até tinha convidado os livreiros a participarem, mas eles se recusaram dizendo que não iriam deixar de ganhar dinheiro para participar de um sarau de poesia, pois o horário, meio-dia, meio-dia-e-meia, é um horário em que se vende muito - o Francisco nuca havia participado porque ele sempre chegava em um horário mais tarde que o sarau. No primeiro que teve, no mês de novembro, ele não participou porque o trafego de pessoas era grande e ele estava atendendo alguns clientes, então não pode participar, mas depois falou comigo que gostaria de ter participado... Nos outros ele chegou mais tarde mesmo.

Em um dos saraus, no mês de janeiro, o carlão falou comigo: "Existe uma diferença entre livreiro e vendedor de livros" , falou isso comigo depois que todos os livreiros e até um saxofonista que fica em frente à entrada da Estação do Metrô me disse que não iria sair do ponto, que ele já estava a mais de vinte anos, para participar de um sarau e deixar de ganhar dinheiro... Mas é isso aí! Que a cultura estava desvalorizada e que ninguém dava valor à ela eu já sabia, então ficou eu e o Carlão nos revezando, lendo os trechos de poesia do Vinícius de Moraes - e foi legal! Nos meses de novembro e dezembro o oeta homenageado foi o João do Rio mesmo, que aliás, é o autor que me deu a ideia da Sopinha de Versos no ano de 2009, no dia 29 de outubro, quando houve o primeiro Sarau Leopoldinense no Centro Cívico Leopoldinense, que é um clube tradicional do bairro da Penha.

Quem me chamou para organizar um sarau no clube foi o Jonas, que é mais conhecido no bairro da Penha como "Mestre Jonas". Ele disse que era para eu organizar um sarau de poesia no Centro Cívico e eu perguntei se poderia ser na próxima semana... Ele disse que sim e afirmou que isso era comigo. Então marquei para a próxima quinta-feira (29 de outubro). Comentei com a minha mãe que o Jonas tinha me chamado para organizar um saau no Centro Cívico, e então, comcei a fazer a divulgação do sarau por e-mail.

Na quinta-feira (dia 29) saiu uma notinha na coluna do Marcelo de mello no caderno Zona Norte do jornal O Globo avisando sobre o sarau, e como havia saído no jornal houveram cerca de 10 pessoas, o que foi legal.

Bem, à tarde, no dia 29, minha mãe me perguntou quem eu iria homenagear e eu respondi que ninguém, então ela afirmou que eu tinha que homenagear alguém, que era pra mim ir pensando... Voltei para casa e comecei a procurar os livros de poesia que tenho, até que achei o livro "A Encantadora Alma das Ruas" do João do Rio. Comecei a ler e percebi que o livro estava cheio de poesias curtinhas, então, comecei a copiar as poesias curtinhas dele como: Se essa rua fosse minha/ Eu mandava ladrilhar/ Com Pedrinhas de brilhantes/ Para o meu amor passar.

Fui para o sarau e falei para as pessoas que lá estavam: "Este é o sarau Leopoldinense, que é um sarau que visa promover a volta da poesia como manifestação de massa, da população. Essa é a minha sopinha de letras que tem os versos de João do Rio, o poeta homenageado de hoje.

Retirei uma poesia da cesta e dei início ao sarau lendo os versos dele, e depois falei uma poesia minha. As pessoas se interessaram! Todos faziam fila para retirar uma sopinha de letras e ler os versos do autor. Ficou tão legal, que no fim as pessoas só se revezavam para retirar os versos do autor - não lendo outra poesia antes ou em seguida.

No meio do sarau a minha mãe me cutucou e disse que o que eu tinha bolado tinha ficado bom, e no final do sarau, conversando com o Mestre Jonas comentei: "Nós poderíamos proclamar a Revolução dos Versos no bairro da Penha, o que você acha?", e ele começou a e mostrar o jornal com a coluna do Marcelo de Mello e dizendo: "Já tá proclamado, chapa! Já tá, proclamado! Olha aqui no jornal! Já tá proclamado!" , então, desde esse dia venho realizando a Sopinha de Versos nos saraus que organizo.

Em uma outra ocasião, no ano de 2010, realizei o sarau no Shopping da Penha, mas no evento fiquei meio sem ação, pois o sarau foi realizado para as crianças de uma escola pública do bairro. Fiquei sem ação porque eu não havia bolado o sarau para fazer com crianças, mas como utilizei as mesmas poesias do João do Rio, o sarau foi um SUCESSO!

O mais impressionante neste dia foi ver como as crianças se esforçavam para ler os versinhos que estavam nas sopinhas de letras. Haviam crianças com dificuldade de ler os versos e haviam criancinhas de maternal também, mas todas se esforçavam ao máximo para ler as sopinhas.

As crinças fizeram uma farra no evento, e eu tentando controlar elas. Aí tinha criança que me cutucava e dizia "agora eu tio", e então eu lia os versos junto com a criança... Foi legal! Foi muito legal! Mas eu não estava preparado para fazern o sarau com crianças. Mas fiz assim mesmo...

Depois os lojistas comentavam o sarau comigo, dizendo que levaram até um susto, pois as crianças estavam fazendo zoeira gritando, coisa que não é muito comum no Penha Shopping.

No mês seguinte ao realizar o sarau, combinei o dia com o a pessoa responsavel pelo marketing do Shopping e ela me disse que estava bolando um evento para ajudar o Rio. O vento se chamaria "Penha Ajuda Rio" e que ele colocaria o sarau neste evento. Eu disse "beleza", mas o nome era srau Leopoldinense".

O responsável pelo marketing do Shopping divulgou com "Penha Ajuda Rio" mesmo, pois ele dizia que só poderia colocar o sarau dentro de um outro evento, pois o nome sarau não atraía gente para o Shopping.

Eu tinha chamado um amigo, o Sérgio Marcio, que é cantor para participar do sarau e falei com o tal marketeiro. Ele, então, combinou uma apresentação no Shopping. O Sérgio participa de um grupo de cantores, digamos assim, independentes, que se reunem uma vez por mês para cantarem, e ele havia me avisado que a pianista só poderia fazer a apresentação em um determinado horário. falei com o marketeiro e ele aceitou as condições apresentadas pelos cantores.

No dia, que não sei bem qual foi a data, mas foi realizado no mês de março de 2010, no horário das 3 horas da tarde o Sérgio e os outros cantores se apresentaram no Shopping, foi legal. Avisei a quem pude sobre o coral que iria se apresentar antes do evento "Penha Ajuda Rio". O coral se apresentou cerca e duas horas antes do evento...

Depois da apresentação dele eu e minha família fomos embora, pois no dia anterior eu havia discutido com o tal marketeiro sobre o sarau. Eu tinha comentado que o ´ltimo sarau tinha sido legal, mas que o Sarau Leopoldinense não foi projetado para ser feito apenas crianças e ele me informou que o sarau era dele, e que ele   não achava que o sarau poderia ser feito com pessoas adultas, e por isso ele chamou a escola...

Falei para ele que o sarau não era dele, e que se fosse parav ser assim eu sa. Não iria do projeto. Ele me deixou à vontade, então, saí do projeto em questão, o tal do "Penha Ajuda Rio". Não que o projeto nõ tenha a sua importãncia e não que o Rio não precise de ajuda naquele momento e agora também, mas se era para eu entrar com o sarau, como um complemento de um outro evento, e ele me impondo condições para que o sarau fosse realizado, afirmei: "Se é para fazer o sarau assim, eu vou parar agora!", e realmente parei de fazer o sarau no Penha Shopping.

Foi uma pena, pois até o dono do Shopping vei me agradecer por estar fazendo o sarau, movimentando a cultura do bairro da Penha.

Recentemente comecei a fazer o sarau no Largo da Carioca, e vamos ver no que vai dar...