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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Conclusão do Piketty

Thomas Piketty conclui, em seu livro "O Capital do Século XXI" que:

"... Quando estudamos O século XVII ou o XIX, podemos mais ou menos imaginar as evoluções dos preços e do salários, das rendas e riquezas, seguindo uma lógica econômica autônoma e interagindo pouco ou nada com as lógicas propriamente políticas e culturais. Quando estudamos o século XX, tal ilusão logo se desfaz. Basta uma breve olhada nas curvas de desigualdade da renda e do patrimônio ou a aceleração capital/renda para ver que a política está em toda parte e que as evoluções econômicas e políticas são indissociáveis, devendo ser estudadas lado a lado. Isso obriga também a estudar o Estado, o imposto e a dívida nessas dimensões concretas e a sair dos esquemas simplistas e abstratos sobre a infraestrutura econômica e a superestrutura política."

_ Não é á toa que o protesto dos caminhoneiros, no mês de fevereiro de 2015, que parou o trânsito nas principais estradas do país, foi vencedor e conseguiu ser atendido em suas reivindicações totais. A lei dos caminhoneiros, regulando horas de trabalho, foi assinada sem vetos. 

Temos que saber separar, no Brasil, o joio do trigo, o que me parece que o povo não sabe fazer direito - o roubo na Petrobras tá ai para provar isso!

Seria legal as pessoas começarem a levar maquininhas de calcular para fazer compras no supermercado e boicotar os produtos que tiveram altas exorbitantes...

Com a última frase de Thomas Piketty termino este texto: "Recusar-se a fazer contas raramente trás benefícios aos mais pobres."    

_ Para ser pensado, pois isso vale para tudo na vida. 











segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Capitalismo X Democracia


Teve uma vez que comentei, na faculdade com um colega, que Capitalismo e Democracia juntas não existe, pois uma acaba sendo uma antítese da outra...

E olha o que eu achei no livro do Thomas Piketty:

"Para que a democracia venha um dia a retomar o controle do capitalismo, é necessário, em primeiro lugar, partir do princípio de que as formas genuínas de democracia e do capital estão e sempre estarão para ser reinventada."

_ Acho que ele concorda com esse meu comentário.

O Carlos Roma (professor 01 da Estácio de Sá), de História, durante uma de suas aulas expôs que na democracia ou se promove o bem-estar social (da população) e deixa a economia pra lá, como foi no caso do Cruzeiro, e que a inflação era disparada, ou se arrochava a economia, controlando-a, mas tendo a piora da situação da população.

Penso que o meu comentário, no fim, estava certo, pois ou se exerce controle sobre a Democracia ou sobre o capitalismo, mas ainda temos chance, pois a situação sempre pode ser reinventada...

Dennys Andrade 

  


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Inflação


Para Thomas Piketty:


 ... trata-se da obviamente da principal inquietude no longo prazo. O Relatório Stern, publicado em 2006, dividiu a opinião pública ao calcular que os estragos potenciais a serem causados ao meio ambiente até o fim do século poderiam ser transformados em números, segundo certos cenários, que atingiam dezenas de pontos do PIB mundial por ano. Entre os economistas, a controvérsia em torno do Relatório Stern foi muito voltada para a questão da taxa com a qual se deveria trazer estragos futuros para os valores atuais. Para o britânico Nick Stern, seria necessário utilizar uma taxa de desconto relativamente baixa, da ordem da taxa de crescimento (1-1,5% ao ano), e, nesse caso, os estragos futuros já pareceriam muito elevados do ponto de vista das gerações atuais. A conclusão do relatório é, portanto, a necessidade de uma ação forte e imediata. Para o americano William Nordhaus, é preciso, ao contrário, utilizar uma taxa de desconto mais próxima da taxa de rendimento médio do capital (4-4,5% ao ano); nesse caso, as catástrofes futuras parecem muito menos inquietantes. Em outras palavras, cada um aceita a mesma avaliação dos estragos futuros (o que é obviamente apenas uma estimativa), mas tira conclusões muito diferentes. Para Stern, a perda em matéria de bem-estar global para a humanidade é tal que justifica gastar a partir de agora o equivalente a pelo menos 5% do PIB mundial por ano para tentar limitar o aquecimento global futuro. Para Nordhaus, isso não seria de forma alguma razoável, pois as gerações futuras serão mais ricas e produtivas do que nós. Eles encontrarão uma maneira de lidar com o problema, ou consumir menos, o que, em todo caso, seria bem menos custoso para o bem-estar universal do que fazer o esforço proposto por Stern. Essa é em essência a conclusão desses sábios cálculos.

_ Falando de Brasil: De uma forma ou de outra o Brasil já vive uma crise do aquecimento global, pois a zona de convergência, entre o Atlântico e o Pacífico, que fazia o Pantanal florescer, foi para a América Central e o Pantanal não teve época de cheia este ano, como nos anos anteriores.

        Livre para escolher, as conclusões de Stern parecem-me mais razoáveis do que as de Nordhaus, que mostra um otimismo atraente, além de bastante oportuno - e de todo modo muito coerente com a estratégia americana de emissão de carbono sem nenhuma restrição ( lá tá tendo nevascas fortíssimas!) -, mas no final das contas muito pouco convincente. Parece-me, no entanto, que esse debate relativamente abstrato sobre a taxa de atualização passa ao lado do debate central. Na prática escutamos muitas vezes no debate político, especialmente na Europa, mas também na China e nos Estados Unidos, argumentos sobre a necessidade de se lançar uma grande onda de investimentos visando descobrir novas tecnologias não poluentes e formas de energia renováveis abundantes o suficientes para vivermos sem os hidrocarbonetos. O debate sobre o "estímulo ecológico" esta particularmente presente na cena europeia, porque vemos aí uma maneira possível de sair do marasmo econômico atual. Essa estratégia é muito tentadora porque a taxa de juros à qual vários Estados tomam emprestado é hoje muito baixa. SE os investidores privados não sabem como gastar e investir, então porque o poder público deveria se privar de investir no futuro para evitar uma provável degradação do capital natural?

Esse é um dos principais debates do futuro. (...)    

(Thomas Piketty, pág 551, 552, 553 - O Capital do século XXI)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Sugestão Tomas Piketty

Olha o que eu achei!!!          (Tomas Piketty, pag 528)

"A solução de longe mais satisfatória para reduzir a dívida pública consiste em arrecadar um imposto excepcional sobre o capital privado. Por exemplo, um imposto proporcional de 15% (no Brasil poderia ser de 8% a 10% de acordo com a renda) sobre todos os patrimônios privados geraria perto de um ano de renda nacional e permitiria, assim, reembolsar todas as dívidas públicas. O Estado continuaria a deter seus ativos públicos, mas o valor de suas dívidas seria reduzido a zero e, portanto, ele não teria mais juros a pagar. Tal solução é equivalente a um repúdio total da dívida pública... é sempre muito difícil prever a incid~encia final de um repúdio, mesmo parcial. As moratórias completas ou parciais da dívida pública são frequentemente em situações extremas de crise de superemdividamento público, como, por exemplo, na Grecia 2011-2012, sob a forma de um haircut de magnitude variável (usando a expressão consagrada): diminui-se entre 10% e 20% (ou mais) do valor dos títulos públicos detdos pelos bancos e pelos diferentes credores. O problema é que, se aplicarmos esse tipo de medida em grande escala, por exemplo, na escala da Europa, e não da Grécia(que representa 2% do PIB europeu), poderíamos apostar que isso suscitaria movimentos de pânico bancário e falências em cascata. (...) A vantagem do imposto excepcional sobre o capital, que se assemelha a um haircut fiscal, é precisamente que ele permite organizar as coisas de maneira mais civilizada. Garante-se, assim a contribuição de cada um, e, acima de tudo, evitam-se as falências bancárias, jé que são os detentores finais de patrimônios (as pessoas físicas), e não os estabelecimentos financeiros, que passam a contribuir. Para isso, é indispensável, claro, que as autoridades públicas disponham permanentemente de transmissões automáticas de informações bancárias para todos os ativos financeiros detidos pelas pessoas. Sem o cadastro financeiro, todas as políticas adotadas estariam em risco."      

  

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Solução Pikettyana...

Já que os trabalhadores não se vêem mais como uma classe, mas o são!, penso que deveria haver um importo mínimo para o país, de 10 reais para trabalhadores de baixa renda, que seriam acumulados durante um ano ou um ano e meio, e que no fim do período os trabalhadores poderiam retirar o dinheiro enquanto que os juros deste valor ficaria para o governo. Assim a sociedade deixaria de ser baseada no consumo e passaria a ser baseada na poupança, como Tomas Piketty sugere no livro “O Capital do Século XXI”

Percebo que Marx não estava totalmente errado, assim como não estava totalmente certo, porém, é importante se conscientizar as pessoas de que para se chegar ao topo – abrir um negócio – é preciso se acumular capital, o que nos tempos atuais é possível, através de uma consignação e muita disciplina... Afinal r > g !!!

(Dennys Andrade)


Marx não pôde imaginar que a classe burguesa engendraria no proletariado seus valores e daria a ele essa possibilidade de consumo. Os trabalhadores agora com poder de compra, não se vêem mais com uma classe.

Iniciamos assim a era da disciplina científica, na qual nos encontramos até hoje. Nela, não precisamos de contramestres para nos exigir disciplina e produtividade, exigimos isso de nós mesmos automaticamente porque agora, como diria Michelle Perrot, nosso contramestre é nossa consciência. Vivemos cada minuto de nossas vidas empenhados em sermos úteis e valiosos para o mercado e dessa forma - apenas dessa forma - sermos alguém, o que, na lógica capitalista quer dizer consumir e ascender economicamente para consumir mais.

_ Penso que no Brasil, e certamente no mundo todo, já que o mundo é globalizado - tendo a consciência como contramestre – todos querem se especializar em algo, porém, como o ensino no país é débil, ao invés de ter como objetivo fazer uma faculdade, o objetivo se caracteriza num “curso técnico”, para depois ser concretizado o ensino superior, e isso é bom...


Não há marxismo sem marxistas; estes não são muitos, hoje, no Ocidente. No Brasil, às vezes tem-se a impressão de que o marxismo floresce sobretudo na universidade, na área de humanas, e ilumina muitos nichos da crítica. Mas nos partidos de esquerda, o marxismo é quase sempre um indesejado e no operariado ele é mais, é desconhecido. Operariado aliás, hoje multifacetado, reduzido nos locais produtivos, abundante nos locais de serviço, milhões nos trabalhos informais, uma grande classe não-classe. Será possível combinar reflexão criadora, novas interpretações do mundo, descoladas do trabalho?

As explorações sobre essas intrigantes questões não se farão com um marxismo ensimesmado, sectário e doutrinário; mas não se trata de proclamar um ecletismo despolitizado: as interrogações partem da tomada de posição de que o marxismo pode ainda alimentar as lutas pela transformação social e política, senão com a transcendência e abrangência mostradas no século XX, pelo menos com uma postura crítica que não se deixará seduzir nem pelo apocalipse nem pelo conformismo. Em suma, um marxismo dialógico e dialético. 


Introdução

Sabe-se que o pensamento marxiano se configurou como uma clara perspectiva crítica e revolucionária, ou seja, de compreensão da realidade social até a sua raiz e de superação radical da ordem burguesa. E foi precisamente este caráter radical e revolucionário que ele foi perdendo ao longo da sua trajetória. Entre as inúmeras deformações que ele sofreu, está a redução desta radicalidade a mera crítica teórica ou a uma crítica política, quando a questão é muito mais ampla e profunda. Ser radical, como o próprio Marx diz, é ir à raiz. Ora, continua ele, a raiz do homem é o próprio homem. Trata-se, pois, ao nosso ver, de retornar a Marx, não para encontrar o “verdadeiro Marx” – tarefa impossível e sem sentido – mas, para buscar nele os fundamentos para a compreensão do mundo dos homens até a sua raiz, compreensão que, por sua própria natureza, tem um caráter revolucionário.

O sentido preciso de nossa afirmação é este: Marx lançou os fundamentos de uma concepção radicalmente nova de fazer ciência e filosofia e, portanto, de compreender o mundo. Isto quer dizer que o fundamento da luta revolucionária está primeiramente na ontologia (natureza do ser social) e só depois na política e na ética

Argumento Histórico

O pressuposto dessas afirmações é que as idéias são sempre mediações – ainda que indiretas – para o conhecimento e a intervenção na realidade. Ora, é claro que, numa sociedade de classes, as classes dominantes buscarão compreender a realidade e orientar a intervenção nela de modo a favorecer os seus interesse que, não esqueçamos, são sempre apresentados como interesses universais. Não se trata de querer ou não. Trata-se de uma necessidade inescapável. Isto acontece até, embora de forma muito diferente, com relação ao conhecimento da natureza. Quanto mais em relação ao conhecimento da sociedade! Afinal, como bem disse Marx “As idéias dominantes são as idéias das classes dominantes”.
Contudo, não há nenhum argumento conclusivo que demonstre que a passagem do capitalismo ao comunismo é impossível. Argumentando ad hominem, em boa lógica popperiana, a afirmação de que o comunismo é impossível é uma afirmação não falsificável, o que lhe retira qualquer caráter científico e traduz muito mais o desejo da burguesia. O fracasso das tentativas até agora feitas apenas prova que aquele não era o caminho, mas não a impossibilidade de atingir tal objetivo. Isto é boa lógica!
É a classe trabalhadora, por sua própria natureza, que expressa, como já vimos, a possibilidade e a exigência de superação do capitalismo. É na análise da sociabilidade regida pelo capital que Marx encontra as possibilidades de sua superação, as balizas que deverão fundamentar essa superação e o sujeito decisivo dessa tarefa. Nada disto confere validade a tudo o que Marx escreveu. Apenas expressa o fato de que ele, ao examinar o processo real, lançou as bases para uma nova forma de fazer ciência e filosofia e de intervir no mundo, trazendo, assim, à tona a possibilidade de uma nova e superior forma de sociabilidade.