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segunda-feira, 2 de maio de 2011

O resuldado do Modernismo de 1922 na Modernidade

                              

O efeito resultante do modernismo da Semana de Arte Moderna foi, e ainda é, uma crônica mais consciênte, que segundo a autora Dileta Silveira Martins, é neste modernismo que os "gêneros literários estão determinados pelo tipo de relações que estabelece entre eles e o seu público", definindo a crônica como de aproximação entre autor-obra-autor - em uma sociedade segmentada! -, que é exercida de tal forma que as características estruturantes e as temáticas da mesma podem ser definidas como integrantes de um gênero vivo" na sociedade de massa: na sociedade da Modernidade. 

Martins define a crônica moderna como sendo um texto de pequena extensão, coloquial e sendo aberto, de maneira ampla, à recepção, o que abre espaço a uma leitura dupla: uma projetada pelo discurso mesmo e o outro pelo leitor, na sociedade de uma determinada época, e que atualmente está inserido na sociadade de massa, cujas integrações acabam por engessar ou imobilizar o leitor retirando-o a possibilidade de ação ao fato, tirando o viés de ação e reação, o que o leva a aceitação das coisas como são.

Este gênero - a crônica - surgiu nos folhetins da França do início do século 19, que se desprendeu e migrou para os jornais cintando fatos importantes acontecidos durante o decorrer da semana... No Brasil a expressão reproduzia o dia-a-dia da sociedade.

Francisco Otaviano de Almeida Rosa utilizava a crônica para se expressar no Jornal do Comércio, e no Correio Mercantil no Rio, que conquistou novos adeptos como José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis, Raul Ponpéia, Olavo Bilac e outros...

No início de século 20, o jornalista Paulo Barreto - que utilizava o pseudônimo de João do Rio -, juntamente com Alvaro Moreyra deram início à crônica moderna. 

Na tentativa de se elevar a crônica ao patamar de gênero literário, segundo a autora Dileta Silveira Martins, na tentativa de se fazer um "espelho capaz de guardar imagens para o historiador do futuro. A crônica atual é resultado desta mudança de viés - mudança de atitude -, ao que se refere às crônicas que foi ocasionada no público leitor de jornais da época.

Alvaro Moreyra trouxe para acrônica uma dimensão inovadora, transcedendo o coloquial, até cunhando versos, por vezes. Niguém mais do que ele soube refletir sobre o cotidiano do dia-a-dia da vida urbana deste período, enxergando a alma das pessoas de uma maneira simplificada. Ele via e expressava a sociedade através de um jogo de palavras irônicas, "utilizando o recurso da síntese" ao reproduzir fatos, figuras curiosas e temas, submetendo o discurso aos choques provocados pela novidade. Utilizando a linguagem apenas o cronista estiliza emoções: pequenas fotografias de pessoas, coisas que vagam sem destino, como um flaner.  João do Rio também se utilizava deste recurso para fazer suas poesias realizando um movimento de letramento das ruas do Rio de Janeiro.

Em suas crônicas Alvaro Moreyra utiliza um estilo coloquial, com aspectos narrativos, contando histórias - o que foi uma espécie de preparação para a explosão do estilo bibliográfico neste início de século 21 - o autor define a sua crônica como " uma conversa rápida, como no telefone."

Com o poeta Alvaro Moreyra a crônica deixou de estar "à beira da história" para tornar-se mais direta: para tornar-se, enfim, uma comunicação.

Segundo Moreyra a crônica pode dar bom dia, boa tarde e dar também boa noite, pois se trata de "uma voz na solidão de quem lê e de quem escuta" - na atomização da sociedade moderna os indivíduos se emcontram isolados e sozinhos, que é o resultado do avanço das comunicações.

Para Dileta Marins é através da crônica que "a sátira, a psicologia, a crítica social, a senssibilidade humana fazem seus temas" e fazem dos temas de Alvaro Moreyra lembranças que ele amou e das quais, algumas vezes sorriu, como se evidencia neste trecho:

"Na porta de nossa casa, Sila, com o vestido que pintou, parece um quadro.
Em cada carroça os otimistas viam passar alguma coisa: a sugeira da cidade. Ah! a noite! A noite na Praça da Harmonia. A noite de Porto Alegre, na frente e em torno das casas se plantavam canteiros, a noite exaltava rosas.
A mulher enfim pode dizer:
- Como sou feliz!
O homem repete em êxtase:
- Como sou feliz!
               (Dois desgraçados)

Dessa maneira o autor fez o encontro do lirismo e da poesia em pequenos exercícios de simplicidade, que são instantãneos da realidade, do cotidiano Pré-Moderno (1964), sendo assim signos em si mesmo - nos anos 60 as crônicas, assim como todas as outras artes, fluiram para um espaço em que, segundo martins, "a mobilidade permanente de seus limites dificulta um sentimento topológico ou temático".

Para Alvaro tudo é natural: a forma de dizer, o modo de sentir, que, em algumas linhas apenas aproveitou observações delicadas, o pitoresco fazendo sátiras à sociedade, como no trecho: "pelo menos na zona sul, sumiram as carroças de lixo, como se dizia: de tração animal. Em cada carroça os otimistas viam passar alguma coisa: a sujeira da cidade. Mas os humildes viam passar alguém, só ou acompanhado, devagar ou depressa: o burro que a puxava entre varais, com freios, rédeas, cangalhas, chicote, coisas alheias, e a indulgência própria. O burro, os burros, funcionários da Limpeza Urbana"

Para o autor foram os burros que guardaram no fundo da memória madrugadas, orvalhos, montes de átomos tranquilos, vales com lírios, paz liberdade, alegria, que precisavam apenas do amigo que os leve de volta à condição de origem, sem mal-entendidos nem abusos de confiança, dizendo ainda "se eu fosse amigo assim entregaria a eles as minhas terras, as minhas águas, os meus capins - Eis ai a boa natureza: Sejam burros á vontade!

O século 20 foi marcado pelo aumento das velocidades empreendida pela introdução do automóvel ao cotidiano nacional, o que provocou reflexos em poemas, como na poesia Cota Zero de Carlos Drummond de Andrade:          

STOP.
A vida parou
ou foi o automóvel?


 
Para Dileta Martins as crônicas de Alvaro Moreura são mais do que um "exercício de ternuram pelos que têm voz, mas se esqueceram das palavras. Estão sempre na verdade sem ninguém". Segundo o poeta é aí que "Cada um carrega o seu deserto."; na sociedade moderna, em tempos de Modernidade, é a trama amorosa o fio para se contar a história nacional, em discussões políticas e filosóficas, como acontece na novela do SBT "Amor e Revolução" que retrata o período da Ditadura Militar no Brasil, que se inciou em agosto de 1964.




          




    

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