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sábado, 29 de outubro de 2011

Histórias do Rio...

O Sarau da Caroca vai ser no dia 4 de novemnro, sexta-feia, porém ontem eu fiz um sarau extra na saída do Metrô da Carioca para a Rio Branco...

O sarau na minha opinião sempre é legal!!!

Ontem ficamos revezando na leitura das Sopinhas de Versos eu o Francisco Olivá apenas, mas o legal mesmo é que as pessoas que passavam, se interessavam e eu dava uma Sopinha de Versos para elas. Algumas até se arriscaram a ler as Sopinhas em voz alta, participando também do sarau...

Teve até um senhor, que chegou lá, ficou conversando comigo e depois disse que era professor de História. Ai eu contei para ele que no dia 19 de abril (2011) eu fiz uma distribuição de Sopinhas de Versos, pela primeira vez, de Carlos Drummond de Andrade passando pela estátua do poeta na praia de Copacabana, e quando eu cheguei na estátua do Dorival Caymmi, no Posto 6, ofereci uma Sopinhas de Versos para um senhor que estava sentado - o João Carlos -, que  recusou, mas quando eu disse que era "Carlos Drummond de Andrade!", ele aceitou e ficou falando: "Nós estamos precisando disso!"

Disse também que ele me contou que antigamente - anos 60 - a polícia sempre o revistava porque ele era negro, pobre e morador de favela. Disse também que era "tocador de violão" e que se reunia com um grupo para fazer música num apartamento em Ipanema e que participavam do grupo Gilberto Gil e Caetano Veloso entre outros. Disse também que se dava bem com todo mundo, menos com o Caetano Veloso, que segundo ele não gostava de negros...

O professor de história disse que quando ele estava se formando queria fazer uma monografia sobre a história da Mangueira, onde ele mora até hoje...

Isso é que é ter originalidade! Isso é que é ser "Darwin tre"!

Nas Sopinhas de Versos que distribuo pelas ruas do Rio de Janeiro, e que também faço a leitura das Sopinhas no You Tube (canal: sopinhadeversos) está escrito "Agenda Darwin tre", que nada mais é do que a agenda do poeta independente. O poeta das ruas... 

O termo "tre" nada mais é do que uma palavra francesa que significa "ser", então poeta independente das ruas é o autor da Agenda darwin tre, o construtor, o pensador, o "Darwin tre". O fazedor de poesia independente...

Mas voltando à história do professor de História, que agora me falha o nome na memória... Segundo ele disse, naquela época não tinha nenhum outro autor consagrado que tivesse publicado lqualquer coisa falando da história da comunidade, então  os professores dele disseram que o objeto escolhido não poderia ser agraciado em uma monografia... Depois ele me falou que o problema da discriminação racial é muito antiga mesmo porque os escravos nascidos no Brasil, que antigamente eram denominados de "criolos" se sentiam mais nobres do que os escravos vindos da África, que eram chamados pelos próprios escravos de "negros".

Tipo os "criollos" e "chapetones" da América Espanhola:

{"Os Criollos - descendente de espanóis nascidos na América - eram a elite na época, mas ao contrário dos Chapetones - Espanhóis que vieram para a América - não tinham direito político. Por isso, foram eles que "criaram" essa grande onda de independência na América Espanhola." - http://www.conectadosnahistoria.blogspot.com/}

Uma outra história interessante que já ouvi nas ruas do Rio de Janeiro, desta vez no bairro da Penha - em frente ao Shopping...

Eu estava conversando com o Tuninho Tropical, um cantor cantor do bairro, e de repente surgiu o papo de religião, que comecei a falar sobre o sincretismo brasileiro, que os escravos atribuiam nomes de santos católicos à divndades para poder exercer a sua religião aqui no Brasil; que quando o Senhor de Escravo perguntava o que eles estavam fazendo eles diziam que estavam rezando para os santos católicos, mas na lingua deles.

_ Eu acho isso legal!!!

O Tuninho Tropical começou a falar que ele era macumbeiro! Eu estranhei e argumentei com ele que achava que macumba não existia. Que o que existia era a Ubanda e que macumba era um nome pejorativo à religião, então ele me explicou que o macumba é uma religião que chegou no Brasil com os escravos - falou até a região da África... E afirmou em voz alta que a religião dele é a Macumba!

Eu sou católico, mas como eu não sou a favor da maneira como eles vieram para o país, capiturados e clocados em navios negreiros, acho legal o jeito que acharam de burlar os Senhores de Escravos de antigamente.

Isso é a prova da inventividade brasileira! Penso que é isso que faz a riqueza do povo brasileiro!

O Tuninho Tropical disse também que os negros africanos não gostam de brasileiros que se dizem Unbandas porque ela foi criada aqui no Brasil. É uma religião que não existe na África!

A Unbanda foi criada no Rio de Janeiro,  no ano de 1908, pelo médium Zélio Fernandino de Moraes, na rua Floriano Peixoto, em São Gonçalo - o local foi demolido no dia 5 de outubro de 2011:

A deputada federal pelo Distrito Federal Érika Kokay (foto) subiu à tribuna da Câmara, terça-feira última, para condenar a demolição da antiga Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, fundada pelo médium Zélio Fernandino de Moraes, em 1908, na Rua Floriano Peixoto, nº 30, Bairro das Neves, São Gonçalo, Niterói, Rio de Janeiro.
"A destruição do terreiro Zélio de Moraes, que está em área de propriedade privada, representa mais que a perda de um signo material dos praticantes de Umbanda. Representa a destruição de um patrimônio imaterial, de valor imensurável, dos que professam essa fé. E também de uma parte do patrimônio cultural e histórico comum a todo o povo brasileiro", disse a deputada.
A seguir os principais trechos do pronunciamento da parlamentar brasiliense, que tem se dedicado à defesa dos direitos e interesses dos povos de terreiro:

"Ocupo esta tribuna hoje para denunciar a todos e todas a demolição do terreiro Zélio de Moraes, em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, ocorrida na quarta-feira passada (05). Não se trata apenas de mais um triste caso de intolerância contra as religiões de matriz africana, como de resto é comum no nosso país. Trata-se da destruição do suporte de uma parte da memória do nosso povo. Pois foi ali, naquela casa antiga, que a Umbanda, religião genuinamente brasileira, nasceu. Foi ali, no dia 15 de novembro de 1908, há mais de cem anos atrás, que o médium Zélio Fernandino de Moraes realizou o primeiro encontro de Umbanda.

A Umbanda é uma religião genuinamente brasileira que surge da mescla das práticas religiosas africanas, especificamente do Candomblé, com representações vindas da religiosidade do povo indígena que aqui vivia, e de elementos do espiritismo kardecista e do cristianismo católico. Forjada sob o signo da repressão do Estado, a Umbanda originária tinha no sincretismo entre a religiosidade africana e o culto dos santos católicos uma forma de se proteger da violenta repressão infringida aos seus praticantes. Foi só em 1945 que José Álvares pessoa obteve deste Congresso Nacional a legalização da Umbanda.

A destruição do terreiro Zélio de Moraes, que está em área de propriedade privada, representa mais que a perda de um signo material dos praticantes de Umbanda. Representa a destruição de um patrimônio imaterial, de valor imensurável, dos que professam essa fé. E também de uma parte do patrimônio cultural e histórico comum a todo o povo brasileiro.

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR/RJ), organização da sociedade civil, vinha pautando a desapropriação e a transformação daquele espaço num museu já havia algum tempo, mas infelizmente a demolição ocorreu antes que a prefeitura de São Gonçalo tomasse as providências necessárias. A casa, antes da demolição, encontrava-se em ruínas. Me solidarizo à CCIR/RJ e a todos e todas as umbandistas na necessidade de recuperação e reconstrução desse importante espaço simbólico, cultural, religioso e histórico."


 {http://www.oscaminheiros.blogspot.com/}

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