Total de visualizações de página

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Literatura de Confete

Teve uma vez que eu fui para Muriaé (MG) e resolvi fazer as Sopinhas de Versos lá, com o sobrinho da minha esposa, o João Victor, com as poesias de um caderninho que poesia que ele havia ganhado na escola, só com poetas mineiros...

Resolvi digitar os poetas, imprimir e cortar em tiras de papel para distribuir lá.

Feito isso, com as tiras de papel dobradas, o marido da minha sogra - o Couber - começou a me contar que existe até hoje uma richa entre os paulistas e os nordestinos para ver quem inventou a Literatura de Cordel...

Disse ele que quem inventou o esquema de se vender livrinhos de poesia pendurados em barbante, por exemplo, foram os paulistas, mas a invenção - a prática de se vender poesia pendurada - deu mais certo no nordeste... Deu tão certo que todo mundo pensa que a Literatura de Cordel foi inventada lá.

Após ouvir essa história, entreguei uma Sopinha de Versos para ele e disse:

_ Tá vendo, isso aqui é uma literatura de sopinhas...

Ele me interropeu na mesma hora dizendo:

_ Isso aqui é Literatura de Confete! Não dá nem pra molhar o paladar.

Ele disse isso porque as poesias, que já eram pequenas, estavam desmembradas em trechos. Eu faço isso para gerar a curiosidade no leitor das Sopinhas de Versos, e então, ele mesmo depois procurar a poesia inteira... Mas ficou legal a nomeclatura: Literatura de Confete!

A seguir, alguns dos Poetas Mineiros do livrinho que o João Victor ganhou na escola:
Essa casa é de caco,
Quem mora nela é o macaco.           (poesia, A Casa e Seu Dono)
Essa casa tão bonita,
Quem mora nela é a cabrita.
Essa casa é de cimento,
Quem mora nela é o jumento.              (Elias José)
Essa casa é de telha,
Quem mora nela é a abelha.
Essa casa é de lata,
Quem mora nela é a batara.
Essa casa é elegante,
Quem mora nela é o elefante.
Descobri de repente,
Que não falei em casa de gente.

___________________________________________________________________________

Casas entre bananeiras              (poesia, Cidadezinh Qualquer)
MUlheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar
Um homem vai devagar.           (Carlos Drummond de Andrade)
Um cachorro vai devagar.
O burro vai de vagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus...

______________________________________________________________________

- Menino, vem pra dentro
Olha a chuva lá na serra,                   (poesia, Tempestade)
Olha como vem o vento!
- Ah! Como a chuva é
E como o vento é valente!              (Henriqueta Lisboa)
Não sejas doido menino,
Esse vento te carrega
Essa chuva te derrete!
_______________________________________________

Seu lobo, porque esses olhos tão grandes?
Pra te ver Chapeuzinho.                                     (poesia, Seu Lobo)
Seu lobo, pra que essas pernas tão grandes?
Pra correr atrás de ti Chapeuzinho.
Seu lobo, porque esses braços tão fortes?        (Sérgio Caparelli)
Pra te pegar, Chapeuzinho.
Seu lobo, pra que essas patas tão grandes?
Pra te apertar Chapeuzinho.
Seu lobo, pra que esse nariz tão grande?
Pra te cheirar, Chapeuzinho.
Seu lobo, pra que essa boca tão grande?
Ah, deixa de ser enjoada, Chapeuzinho!
- Eu não sou feito de açucar
Para derreter na chuva,
E tenho forças na perna
Para lutar contra o vento!
E enquanto o vento soprava
E enquanto a chuva caia
Que nem um pinto molhado
Teimoso como ele só.
- Gosto de chuva com vento!
Gosto de vento com chuva!
______________________________________________

E a pipa
Quem fazia
Era mesmo o menino                  (poesia, Menino Maluquinho)
Pois ele havia aprendido
A amarrar linha e taquara
E colar papel de seda
E fazer com polvilho
O grude pra colar                      (Ziraldo)
A pipa triangular
Como o pai lhe ensinara
Do jeito que havia
Aprendido
Com o pai
E o pai do pai
Do papai

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu cmentário sobre este blog