(A seguir uma das cartas que Julio Cortázar escreveu para Eduardo Jonquières, poeta e pintor argentino e que foram guardadas por María Rocchi, esposa e também destinatária das cartas, assim como Mariclo, a filha do casal - Revista Piauí_58 Julho)
[Brasília, 1973]
Cher maîttre, veja do que são capazes as Damas Rotarias (uma dama rotando soa meio feio, não?). Aqui estou, em Brasília, enviando-lhe com atraso este delicado testemulho da arte de Arequipa. Sem dúvida, Arequipa é uma cidade maravilhosa, que talvez você tenha conhecido em suas missões huneskianas [referindo-se à UNESCO]. E agora, depois de sobreviver ao aluvião equatoriano e peruano, vou conhecendo este Brasil (Ouro Preto, Congonhas, Rio, São Paulo, Brasília) e amanhã estarei na Bahia com Caetano Veloso e os outros cronópios da música. faz um calor dos diabos, mas Niemeyer, que grande sujeito! Volto para São Paulo, onde os poetas (milhares!) me levarão a seus países concretistas, com Haroldo de Campos e Décio Pignatari à frente. É tudo uma imensa loucura, Cusco, Otalavo no Equador, as pessoas, a bebida, a amizade, as noites com estrelas enormes.
[Damas Rotárias são damas pertencentes ao Rotary Club; Cusco: Cidade peruana; Otavalo: Cidade equatoriana situada a 2 horas da capital Quito]
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