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domingo, 8 de abril de 2012

Concretismo revisitado...

CONCRETISTA                                            (folha.com/iustrissima)


Por trás da invectiva do curador contra a "crítica conservadora" há pontos relevantes. Como mostram os textos do livro, nos anos 60 Hélio passou a escrever como concretista: criava palavras, enfatizava a sonoridade, interrompia frases e exercitava jogos de linguagem que por vezes soam como caricatura do concretismo, de tanto que exploram cacoetes formais associados à corrente.

O livro "Museu É o Mundo" *[Azougue, org. Cesar Oiticica Filho, 288 págs., R$ 80]* reúne textos produzidos por Oiticica entre 1954, quando tinha 17 anos, e 1980, ano de sua morte.

O livro evidencia como a trajetória de Oiticica é tão devedora dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos quanto de Ferreira Gullar e do neoconcretismo (1959-61). Não parece casual que o próprio Gullar, líder da dissidência, tenha desqualificado a obra de Oiticica de 1964 em diante, como se ali houvesse traição aos princípios do grupo neoconcreto.
Os textos de "Museu É o Mundo" são apresentados como parte do trabalho artístico. Encarados assim, assumem a condição de complemento às obras expostas, não de ensaios críticos. Mesmo porque por vezes as interpretações são frágeis: nos textos mais densos, do início de carreira, Oiticica emula o linguajar filosofante de Gullar.
Mais tarde, em textos como "Balanço da Cultura Brasileira 1968", procura esboçar um retrato de sua geração, mas restringe-se ao elogio narcisista da própria trajetória.
Vistos na ordem cronológica, os textos seguem um caminho que encontra expressão nas obras. O que no início eram ensaios comportados, às voltas com conceitos filosóficos, vai se decompondo em anotações, aforismos, legendas, gravações, experimentos até os "programas in progress" do fim da carreira, em que idiomas se misturam, frases não se completam, referências eruditas e à cultura de massas se avolumam e se anulam em sentidos lacunares e obscuros.

Os textos de "Museu É o Mundo" são apresentados como parte do trabalho artístico. Encarados assim, assumem a condição de complemento às obras expostas, não de ensaios críticos. Mesmo porque por vezes as interpretações são frágeis: nos textos mais densos, do início de carreira, Oiticica emula o linguajar filosofante de Gullar.

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