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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Como tudo começou?

Isso é de 1987:

Ainda nos anos 50, a imprensa brasileira tinha como anunciantes, basicamente, pequenos comerciantes - a indústria nacional não alcançara sua maioridade, e tão pouco havia grupos financeiros de grande porte. Como os recursos obtidos com as vendas em bancas e assinaturas eram insuficientes, os meios de comunicação precisavam valer-se de outras fontes de renda, utilizando como moeda de troca seu peso junto à opinião pública. Graças a esse trunfo, os barões da imprensa sempre mantiveram relações especiais com o governo, que tanto lhes prestava fvores diretos como beneficiava seus amigos - amigos que sabiam retribuir a ajuda recebida.

[ Livro " Minha razão de Viver", Samuel Wainer, 10 edição, 1987, capítulo 31]

Para assegurar o apoio dos meios de comunicação, ou ao menos evitar que lhe fizessem oposição frontal, o governo comtemplava jornais e revistas com isenções fiscais, facilidades para importação de papel, eventualmente anúncios. Poucos ministros ousavam rechaçar reinvidicações formuladas por homens como Assis Chateaubriand ou Paulo Bitencourt e destinadas a favorecer terceiros. Na Primeira República, muitos donos de jornais prosperaram como agentes dos interesses dos exportadores de café. Nos anos 50, os barões do café foram substituídos pelos grandes empreiteiros. Especialmente nos anos JK, quando começou a era das obras portentosas, os empresários do ramo compreenderam que valia a pena contar com jornais amigos; com a cumplicidade da imprensa, seria sempre mis fácil conseguir obras sem o ritual das concorrências públicas. Seria mais fácil, também, receber do governo - um mau pagador crônico - o dinheiro a que tinham direito pelas obras executadas. Feitas tais constatações, logo se forjaram sociedades semiclandestinas bastante rentáveis.

Assis Chateaubriand, por exemplo, costymava procurar pessoalmente ministros de Estado, ou mesmo o presidente da República, para solicitar que um trecho de determinada obra - uma rodovia, uma hidrelétrica - fosse entregue  a esta ou àquela construtora. Ficava claro que, se o pleito não fosse atendido, a ira do jornal desabaria sobre o autor da recusa. Era melhor, portanto, atender ao pedido. Feito o acerto, as empreiteiras premiadas presenteavam o emissário com 10% do total da quantia orçada da obra. Geralmente, essa porcentagem significava cifras mlionárias. Gorjetas adicionais pagavam outros favores prestados pelos donos de jornais e revistas, um dos quais era impedir atrasos no pagamento. Ministros mais prestativos , dispostos a liberar com agilidade as verbas devidas, mereciam rasgados elogios em editoriais e reportagens. Já os que proletavam pagamentos caíam em desgraça e recebiam ataques duríssimos. De quebra, os meios de comunicação faziam vista grossa para a irresponsabilidade das empreiteiras, que utilizavam material de segunda ordem, fraudavam cálculos e montavam orçamentos fictícios.

Esse tráfico de influência tornou-se particularmente intenso no governo de Juscelino Kubistchek, durante o qual se consolidaram fortunas imensas. Um dos principais beneficiários desse príodo foi precisamente Marcos Paulos Rabello, e quem frequentemente se dizia, sem provas concretas, que era sócio de JK. O presidente entregou a tarefa de construir Brasília a Rabello, que pôde distribuir entre outras empresas as obras de cuja execussão não poderia encarregar-se - era muita coisa para um único empreiteiro. Só a construção de Brasília já bastaria para essegurar a alegria de dezenas de homens do ramo, mas houve mais. A rodovia belém - Brasília, por exemplo. Além do mais, vários governos estaduais se encarregaram de inchar os cofres de empreiteiras às quais devotavam franca e suspeita simpatia com projetos de âmbito regional  mas também milionários.

A presença dos empreiteiros na cena política brasileira é ainda fortíssima. Eles seguem interferindo na nomeação de ministros que agirão nas áreas incluídas em seu universo de interesses, financiando partidos e candidatos, elegendo deputados e senadores, influenciando a linha editorial de jornais e revistas. Negócios desse tipo não costumam deixar rastros, mas é fácil deduzir que nestes últimos  anos foram captados dessa forma alguns bilhões, repartidos entre empreiteiros e seus sócios na imprensa. Sempre que algum negócio me beneficiava, o dinheiro era integralmente aplicado na Última Hora - nunca quis nada pra mim. Meus colegas pensavam diferente: eles colocavam nos ´próprios bolsos as verbas recebidas, jamais cogitaram de aplicá-las nas empresas que dirigiam. Assim enriqueceram muitos barões da imprensa brasileira.              



           

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