Já que os trabalhadores não
se vêem mais como uma classe, mas o são!, penso que deveria haver um importo mínimo
para o país, de 10 reais para trabalhadores de baixa renda, que seriam acumulados
durante um ano ou um ano e meio, e que no fim do período os trabalhadores
poderiam retirar o dinheiro enquanto que os juros deste valor ficaria para o
governo. Assim a sociedade deixaria de ser baseada no consumo e passaria a ser
baseada na poupança, como Tomas Piketty sugere no livro “O Capital do Século
XXI”
Percebo que Marx não
estava totalmente errado, assim como não estava totalmente certo, porém, é
importante se conscientizar as pessoas de que para se chegar ao topo – abrir um
negócio – é preciso se acumular capital, o que nos tempos atuais é possível,
através de uma consignação e muita disciplina... Afinal r > g !!!
(Dennys Andrade)
Marx não pôde imaginar que a classe burguesa engendraria no
proletariado seus valores e daria a ele essa possibilidade de consumo. Os
trabalhadores agora com poder de compra, não se vêem mais com uma classe.
Iniciamos assim a era da disciplina científica, na qual nos
encontramos até hoje. Nela, não precisamos de contramestres para nos exigir
disciplina e produtividade, exigimos isso de nós mesmos automaticamente porque
agora, como diria Michelle Perrot, nosso contramestre é nossa consciência.
Vivemos cada minuto de nossas vidas empenhados em sermos úteis e valiosos para
o mercado e dessa forma - apenas dessa forma - sermos alguém, o que, na lógica capitalista quer dizer
consumir e ascender economicamente para consumir mais.
_ Penso que no Brasil, e
certamente no mundo todo, já que o mundo é globalizado - tendo a consciência
como contramestre – todos querem se especializar em algo, porém, como o ensino
no país é débil, ao invés de ter como objetivo fazer uma faculdade, o objetivo se
caracteriza num “curso técnico”, para depois ser concretizado o ensino
superior, e isso é bom...
Não há marxismo sem
marxistas; estes não são muitos, hoje, no Ocidente. No Brasil, às vezes tem-se
a impressão de que o marxismo floresce sobretudo na universidade, na área de
humanas, e ilumina muitos nichos da crítica. Mas nos partidos de esquerda, o marxismo
é quase sempre um indesejado e no operariado ele é mais, é desconhecido.
Operariado aliás, hoje multifacetado, reduzido nos locais produtivos, abundante
nos locais de serviço, milhões nos trabalhos informais, uma grande classe
não-classe. Será possível combinar reflexão criadora, novas interpretações do
mundo, descoladas do trabalho?
As explorações sobre essas
intrigantes questões não se farão com um marxismo ensimesmado, sectário e
doutrinário; mas não se trata de proclamar um ecletismo despolitizado: as
interrogações partem da tomada de posição de que o marxismo pode ainda alimentar
as lutas pela transformação social e política, senão com a transcendência e
abrangência mostradas no século XX, pelo menos com uma postura crítica que não
se deixará seduzir nem pelo apocalipse nem pelo conformismo. Em suma, um
marxismo dialógico e dialético.
Introdução
Sabe-se que o
pensamento marxiano se configurou como uma clara perspectiva crítica e
revolucionária, ou seja, de compreensão da realidade social até a sua raiz e de
superação radical da ordem burguesa. E foi precisamente este caráter radical e
revolucionário que ele foi perdendo ao longo da sua trajetória. Entre as
inúmeras deformações que ele sofreu, está a redução desta radicalidade a mera
crítica teórica ou a uma crítica política, quando a questão é muito mais ampla
e profunda. Ser radical, como o próprio Marx diz, é ir à raiz. Ora, continua
ele, a raiz do homem é o próprio homem. Trata-se, pois, ao nosso ver, de
retornar a Marx, não para encontrar o “verdadeiro Marx” – tarefa impossível e
sem sentido – mas, para buscar nele os fundamentos para a compreensão do mundo
dos homens até a sua raiz, compreensão que, por sua própria natureza, tem um
caráter revolucionário.
O sentido
preciso de nossa afirmação é este: Marx lançou os fundamentos de uma concepção
radicalmente nova de fazer ciência e filosofia e, portanto, de compreender o
mundo. Isto quer dizer que o fundamento da luta revolucionária está
primeiramente na ontologia (natureza do ser social) e só depois na política e
na ética
Argumento
Histórico
O pressuposto dessas afirmações é que as idéias são sempre
mediações – ainda que indiretas – para o conhecimento e a intervenção na
realidade. Ora, é claro que, numa sociedade de classes, as classes dominantes
buscarão compreender a realidade e orientar a intervenção nela de modo a
favorecer os seus interesse que, não esqueçamos, são sempre apresentados como
interesses universais. Não se trata de querer ou não. Trata-se de uma
necessidade inescapável. Isto acontece até, embora de forma muito diferente,
com relação ao conhecimento da natureza. Quanto mais em relação ao conhecimento
da sociedade! Afinal, como bem disse Marx “As idéias dominantes são as idéias
das classes dominantes”.
Contudo,
não há nenhum argumento conclusivo que demonstre que a passagem do capitalismo
ao comunismo é impossível. Argumentando ad
hominem, em boa lógica
popperiana, a afirmação de que o comunismo é impossível é uma afirmação não
falsificável, o que lhe retira qualquer caráter científico e traduz muito mais
o desejo da burguesia. O fracasso das tentativas até agora feitas apenas prova
que aquele não era o caminho, mas não a impossibilidade de atingir tal
objetivo. Isto é boa lógica!
É a classe
trabalhadora, por sua própria natureza, que expressa, como já vimos, a
possibilidade e a exigência de superação do capitalismo. É na análise da
sociabilidade regida pelo capital que Marx encontra as possibilidades de sua
superação, as balizas que deverão fundamentar essa superação e o sujeito
decisivo dessa tarefa. Nada disto confere validade a tudo o que Marx escreveu.
Apenas expressa o fato de que ele, ao
examinar o processo real, lançou as bases para uma nova forma de fazer ciência
e filosofia e de intervir no mundo, trazendo, assim, à tona a possibilidade de
uma nova e superior forma de sociabilidade.